"Sou um ator transformista com muito orgulho." Essa é uma das autodefinições que Valécio Santos tem. Valécio?! E se falarmos Valerie O'rarah, sua personagem maior? Aí não cabe dúvidas: você a conhece por se tratar de uma das principais transformistas de Salvador e da Bahia.
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Em 2015, Valerie completa 11 anos de muitas músicas, figurinos e força nos palcos das principais casas LGBT soteropolitanas. A paixão nas apresentações vem de suas rainhas. "As interpretações que mais me emocionam são as que faço de Daniela Mercury, Alcione e Maria Bethânia."
Essas são algumas das revelações que Valécio-Valerie fez em conversa com o Guia Gay Salvador prestes a celebrar a data. Veja outras mais a seguir.
O que ainda fica na sua mente do ínicio da carreira?
O desejo de querer fazer e não ter muitos recursos e, principalmente, oportunidades. Lembro da admiração em ver os artistas da época. Como queria estar no meio deles. E sem nenhuma experiência ou produção.
O que você considera como o início?
Têm dois momentos marcantes iniciais. O primeiro foi no final de linha do Curuzu, bairro de Salvador. Lá, me apresentei em uma gincana de quadrilha junina, cuja tarefa era levar um transformista para dublar. O segundo momento foi na boate Yes, onde hoje é a Boate Tropical, na época comandada pela diva Dion, que me deu a primeira oportunidade de me apresentar na noite para o público gay.
Que aprendizados você teve nesses 11 anos?
São vários! Aprendi a ser artista, que oportunidade deve ser agarrada e devemos fazer o nosso melhor. Aprendi a fazer amigos e inimigos também. E o mais importante: que caráter e personalidade são marcas fortes da personagem, e que na vida é privilégio agir com decisões tão acertadas.
E quanto a figurino, sapatos, acessórios... Acumulou muita coisa nesses 11 anos?
Não tenho ideia de quantidade. Hoje Valerie tem um quarto que é só dela. São três araras e duas com dois compartimentos. São mais de 50 pares de sapatos, muita bijoux. Às vezes, me perco dentro do quarto.
Como avalia a cena transformista hoje em Salvador?
Há uma nova safra, inspiradas no RuPaul's Drag Race, mas ainda é muito cópia de tudo que se vê. Elas precisam de identidade, originalidade. Quando elas se desprenderem dessa fonte que as inspiram, o desenvolvimento será maior.