Amanhã, 1º de janeiro, Salvador despede-se de uma era política (ou pelo menos de uma fase dela). Nessa data, depois de oito anos na principal cadeira do Palácio Thomé de Souza, o demista ACM Neto passará o comando da cidade para seu afilhado politico, Bruno Reis. E o que significou a gestão dele para LGBT? O retrospecto mostra que foi avanço. E em muitas frentes!
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Veja sete itens que transformaram os dois mandatos de ACM Neto em exemplo de gestão para o segmento e que, pelas marcas históricas e inéditas, fizeram dele o mandatário mais pró-LGBT que a capital baiana ja teve.
1) Abertura do Centro Municipal de Referência LGBT.
Demanda antiga da comunidade arco-iris da capital baiana finalmente foi atendida. Em 2014, segundo ano do primeiro mandato, o prefeito - já eleito por gays um dos políticos mais gatos do Brasil - reuniu ativistas e assinou documento de criação desse serviço, cuja função é dar apoios jurídico, social e psicológico a LGBT. Daí à inauguração, foram dois anos, o que rendeu críticas a ele. Entretanto, desde a abertura, o centro é ponto de socorro à comunidade.
2) Reconhecimento do arco-íris no carnaval de Salvador.
Uma das folias mais famosos do Brasil começou a atrair cada vez mais turistas gays nos últimos anos. Entretanto, tal fenômeno não era reconhecido pelo Poder Público local. Com a gestão demista, houve reviravolta! A Barra ganhou espaço pensado para gays - O Beco das Cores, na Rua Dias D'Ávila -, o segmento foi incluso na programação oficial da prefeitura e houve ações contra discriminação no carnaval. Trata-se, possivelmente, da maior ação governamental do Brasil para incluir homossexuais na festa de Momo.
3) Sanção à nova lei contra discriminação.
Em 2019, por iniciativa da vereadora Aladilce Souza (PCdoB), a lei contra discriminação que afeta LGBT de Salvador, de 22 anos antes, foi atualizada. ACM Neto sancionou a norma e, mesmo após certa demora, a regulamentou. A partir daí, por exemplo, impedir beijo gay pode gerar multa de até R$ 4 mil.
4) Criação do Conselho Municipal LGBT
Aqui o atendimento a outra grande bandeira do ativismo arco-íris da capital. Por iniciativa de ACM Neto e por luta da vereadora Aladilce no Poder Legislativo, foi criado o Conselho Municipal LGBT, espaço para sociedade civil e a gestão pública pensarem políticas para a comunidade. O ano termina com o órgão instalado e integrantes empossados.
5) Celebração de datas do ativismo
Passou a ser tradição: em qualquer data de grande destaque para a comunidade LGBT, tal como Dia contra Homofobia e Dia do Orgulho LGBT, era praticamente certo post nas redes sociais da prefeitura soteropolitana. Sempre em tom comprometido com a cidadania arco-íris. Houve inclusive postagens no perfil do mandatário.
6) Apoio à parada do orgulho LGBT da Bahia e participação
A principal marcha arco-íris de Salvador tem a marca de ser a que mais mudou de nome nos últimos anos dentre as capitais. Rumos aleatórios à parte, a prefeitura estava presente por meio de apoio. Aliás, ACM Neto já participou do ato, algo raro dentre chefes de Poder Executivo no País. Em 2014, sua ida ao evento foi histórica: nunca um prefeito de Salvador tinha feito o mesmo.
7) Enfrentamento ao conservadorismo
Se a questão LGBT estava em uma entrevista ou em um discurso oficial, ACM Neto, invariavelmente, se colocava contra a discriminação. Um dos maiores exemplos foi a crítica que o baiano fez ao então prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), que tinha vetado beijo gay na Bienal do Livro. Nas redes sociais, o demista afirmou que a capital baiana é a “cidade da diversidade”, onde é “proibido censurar”. Detalhe: Crivella não foi reeleito! O indicado de ACM Neto conquistou o crachá de prefeito já no primeiro turno!
A liberdade é sempre p/ aquele q pensa diferente. Salvador é a capital da diversidade e é isso que faz a nossa cidade ser única. O Brasil é guiado pela luz da liberdade. A intolerância não pode brecar o avanço de nossa democracia. A Bahia sempre celebrou a liberdade. #TodosSim
— ACM Neto (@acmneto_) November 3, 2018