LGBT passaram a consumir mais álcool na pandemia, diz pesquisa

Dentre gays e homens bi, aumento foi de 32%. Na população em geral, taxa foi 13%

Publicado em 18/02/2021
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Um das razões é a volta a lares de parentes homofóbicos. Foto: Depositphotos

Pesquisas indicam que pessoas LGBT estão dentre as mais suscetíveis na pandemia em relação ao alcoolismo.

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Estudo do Centro de Pesquisa e Prevenção da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, identificou que 32% dos estudantes gays e bissexuais masculinos estão bebendo mais após o início da pandemia pelo novo coronavírus.

O mesmo documento aponta que 46% das estudantes transexuais femininas relataram aumento no consumo de álcool no período.

O consumo de bebidas também aumentou na população em geral, mas em taxa menor - cerca de 13%, conforme indicam centros de controle e prevenção de doenças.

Uma das explicações para a forte presença do álcool dentre LGBT é a discriminação. Muitos tiveram de deixar alojamentos nas universidades, onde podiam ser eles mesmos, por lares no interior do país e para voltar a conviver com pais e famílias discriminatórias.

O fechamento de estabelecimentos também resultou em isolamento. Além de espaço para paquera, bares gays e lésbicos funcionam como lugares onde se pode fazer e encontrar amigos.

A jovem Abigal Mazzarella, de 26 anos, era frequentadora desses espaços na cidade de Baltimore. 

"Não moro perto da minha família, então dependo dessa comunidade e das amizades para sobreviver e ter um tipo de família aqui", explicou Abigail ao NBC News.

Os bares fecharam por causa da pandemia, mas a loja de conveniência, que vende bebidas, em frente à casa de Abigail, não.

A mãe dela morreu inesperadamente e uma semana depois Abigail perdeu o emprego. Resultado: passou a fazer compras e mais compras do outro lado da rua.

"Comecei a beber imediatamente depois de tudo o que aconteceu, e não parei realmente por meses", contou.

"Eu não bebia socialmente. Eu estava fazendo isso sozinha, na minha casa e gastando uma quantia absurda de dinheiro com isso, sem nenhum motivo além de ficar bêbada, dormir e fazer de novo no dia seguinte. Eu não estava funcionando por uma boa metade de 2020."

Ela está sóbria há quatro meses.

Morador de Los Angeles, Manny Minnie, de 36 anos, descobriu ser portador do vírus HIV pouco antes da pandemia. 

Acostumado a beber nos fins de semana, Manny passou a ingerir álcool diariamente.

"Eu bebia todos os dias. Eu começaria com uma caixa de vinho, em seguida, tomaria uma garrafa de vodca de tamanho normal e abriria um pacote com 12 cervejas", disse ele. "Quando eu acordasse, teria talvez três cervejas restantes. Uma coisa de 24 horas."

Uma consulta ao médico o alertou: álcool diminui a imunidade, já comprometida pelo vírus HIV.  "Você tem de parar de fazer o que quer que esteja fazendo", ouviu no consultório.

Manny encontrou na pintura uma maneira de canalizar sua criatividade e conseguir vencer o período de abstinência do álcool - que pode causar tremores, suor e ansiedade.

Diretor de uma entidade, a Gay and Sober, voltada à reabilitação específica para pessoas LGBT em Nova York, Christian Cerna-Parker conta que a média de idade de quem os procura costuma ser dentre 40 e 50 anos, mas que após a pandemia jovens de 19 anos têm buscado ajuda.

A busca pelo serviço desde março aumentou em 40%.

"Há um limite para o que as pessoas podem aguentar. Se pensam: 'Não tenho emprego, não tenho rendimento e o governo não me manda desemprego', falta esperança. É um lugar muito perigoso de se estar, porque a única coisa que eles precisam para se automedicar é o álcool."


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