As paradas do orgulho reúnem! Ali estão LGBT pobres, ricos, novos, mais velhos, de longe, de perto, da cidade, de fora... E o que dizer do poder de congregar da conferência de marchas arco-íris de todo o planeta?
De 27 a 30 de outubro, essa força foi sentida em Guadalajara, no México, na reunião mundial da Interpride, rede mundial de organizadores de paradas LGBT.
Em um mesmo espaço, paradas de Nova York, Brasília, Lima, Medellín, Boston, Londres, Tokyo, Montreal, Sydney, Cidade do México e de outras 100 cidades de dezenas de países e distintas realidades.
A ativista Anna Sharyhina, da parada de Kharkiv, na Ucrânia, fez fala impactante sobre como a guerra com Rússia tem matado integrantes da organização e da determinação de fazer o evento voltar ano que vem.
Diretor do Mado, festival LGBT de Madri, Juan Carlos Reguero foi porta-voz de paradas impedidas de ir às ruas na Europa do Leste.
Kate Wickett, de Sydney, deu oficina sobre como captar investimentos gigantescos para eventos LGBT do orgulho.
Do Paquistão, Jannat Ali falou sobre como tem realizado paradas do orgulho trans no país.
O festival Brasília Orgulho compartilhou trabalho único no mundo: fazer pesquisas sobre cidadania LGBT a cada edição do evento.
Além de várias falas como essas, há na programação plenárias com todos filiados transmitida via on-line com tradução em três línguas e reuniões de identidade: bissexuais, pessoas com HIV, indígenas, idosos e mulheres.
Há disputa também. Amsterdam e Orlando caçavam votos para sediar a Parada Mundial 2026. Para tal, exibiram orçamentos milionários e forte compromisso de fazerem um evento divertido e ao mesmo tempo conscientizador.
Orlando quer lembrar na data uma década do ataque da boate gay Pulse, em quem morreram mais de 50 pessoas.
Amsterdam pretende celebrar os 25 anos da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Holanda, o primeiro país do mundo a fazê-lo, e os 80 anos da COC, organização LGBT ainda em atividade mais antiga do planeta.
O resultado, que vem de votação on-line dentre membros por três dias pós-evento, virá em breve.
A programação ainda inclui recepção no belo Museu Cabañas, noite de gala na moderna Cineteca FICG, e noite de jogação no clube Babel.
A volta da conferência mundial depois de dois anos impedida de ser realizada por conta da covid-19 celebrou os 40 anos de fundação da Interpride.
E não só. O evento em Guadalajara foi o primeiro feito na América Latina, um marco para o movimento global de paradas.
Esse fato foi marcado por um altar típico do Día de Los Muertos mexicano, em que os participantes colocaram fotografias tanto de parentes e amigos mortos quanto de ativistas LGBT que faleceram por causas naturais ou assassinados.
No domingo, ao fim da conferência, a sensação era que de que os objetivos do evento, fortalecer as paradas do orgulho e trocar experiências em nível mundial, foram alcançados.
O novo encontro já está marcado: San Diego, nos EUA, em outubro de 2023.