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Informações para o voto LGBT se fortalecer nesse grande momento da democracia

Candidata Larissa Moraes quer fazer direita respeitar LGBT

Lésbica, a pleiteante à Câmara Municipal de Salvador possui diversas propostas a favor da cidadania arco-íris

Publicado em 26/09/2016
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Jornalista considera uma vitória os avanços que já tem feito a favor de LGBT dentro do partido

Ser LGBT em um partido de esquerda é, no geral, lutar com os pares em um mesmo rumo. O outro lado, ser LGBT e integrar um partido de centro-direita, como comprova a jornalista Larissa Moraes, é lutar internamente. E para ela isso é mais que necessário. 

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"Eu estou pronta para disputa interna, pronta para mudar, se possível, a história desse partido", revelou ao Guia Gay Salvador. Lésbica e com várias proposta para LGBT no Poder Legislativo, a candidata ainda falou sobre apoio plural à sua candidatura e o caminho que a levou à disputa - da qual ela não corre seja ela qual for. 

Por que se candidatar a vereadora?
Eu e alguns amigos LGBT nos juntamos e resolvemos criar um grupo de apoio, no qual pudéssemos trocar experiências, ter um espaço de acolhimento e convivência. Nos nos indignávamos com tantas injustiças e desigualdades que não apenas eu, mas milhares de outras pessoas passam de diferentes formas.

Daí surgiu, em 2013, o movimento Tire Sua Bike do Armário, no qual debatemos o direito à cidade, a visibilidade e a cidadania LGBT a partir de uma perspectiva de ocupação do espaço público e de lazer.

A articulação e o desenvolvimento de projetos com essas pessoas e instituições, como também o atual cenário de violência e descaso institucional, me despertaram à necessidade de disputar os espaços de poder, pois são nesses lugares onde nossas vidas são decididas e deve ser também o lugar onde devemos estar.

A nossa candidatura é fruto do desejo de pessoas LGBT, mães, pais, ativistas, lideranças comunitárias e pessoas que querem contribuir para diminuir as desigualdades e promover a paz por meio da disseminação do amor e da inclusão social.

Por que escolheu o PMDB?
É estratégico e essencial que façamos uma incidência política no campo da direita, identificando e fazendo alianças, elegendo mandatos comprometidos com as nossas agendas, o que hoje é a nossa maior dificuldade. Na hora de votar nas nossas leis, nos orçamentos para as nossas políticas, precisamos ter o voto da maioria. Desconsiderar a existência da direita, ao meu ver, é perder potência.

Precisamos de força para dar voz e vez para as nossas reivindicações. Infelizmente o conservadorismo está presente em todos os lados. Eu estou pronta para disputa interna, pronta para mudar, se possível, a história desse partido. Inclusive isso já está acontecendo, a minha candidatura e a implantação dos núcleos LGBT nos diretórios municipais é um reflexo dessa disputa. O PMDB nos acolheu com a criação do Núcleo LGBT.

Quais são suas principais bandeiras?
O enfrentamento às violências geradas por ódio, a qualificação dos serviços públicos, a luta pela manutenção e ampliação de benefícios e serviços sociais e a aposta em projetos de cultura, esporte e profissionalização, buscando promover condições de oportunidades para que situações e violências e desigualdades sociais sejam vencidas.

Uma vereadora lésbica, gay ou travesti assumindo um compromisso com a bandeira e as reivindicações da população LGBT, na condição de quem legisla e também gere a cidade, tem totais condições de contribuir para a ampliação da nossa cidadania, para que as pessoas LGBT sejam vistas como humanas e possuídoras de direitos.

Por meio de um mandato pode-se criar leis que criminalizem os atos discriminatórios, que obrigue a administração pública e Poder Executivo a fazer políticas públicas que garantam a efetividade da nossa cidadania, principalmente das LGBT que precisam de assistência e amparo social.

Dessa forma, pretendemos levar à Câmara projetos de leis que busquem criminalizar atos LGBTfóbicos promovidos por instituições públicas e/ou privadas; instituir o Fundo Municipal de Combate à Violência e Promoção da Inclusão de LGBT, buscando garantir recursos de forma segura e duradora para a realização das políticas municipais; viabilizar o acesso de pessoas LGBT em situação de vulnerabilidade aos programas e benefícios municipais, como os de moradia e profissionalização.

Também queremos criar o Conselho Municipal de Direitos da População LGBT, garantindo o controle e a participação da sociedade sobre a gestão das políticas públicas; articular emendas para a realização de cursos de formação continuada em direitos humanos para profissionais que atuam nos órgãos da assistência social e da guarda municipal. Estes são alguns dos projetos prioritários do nosso mandato.

Qual você sua maior dificuldade na campanha?
A minha candidatura surge do desejo coletivo de renovação. Embora eu traga a bandeira LGBT como pauta central, isso não significa que a minha candidatura é voltada apenas para esse segmento.

Os ideais e objetivos da nossa candidatura são frutos de trabalhos realizados com associações, creches comunitárias, projetos sociais esportivos e também do desejo de construir marcadores legais que garantam e ampliem direitos das minorias sociais.

Como se trata de uma candidatura composta por diversos setores (LGBT, ativistas, lideranças comunitárias, ONGs), não contamos apenas com os votos de pessoas LGBT para nos elegermos.

O nosso programa político é plural e o nosso eleitorado também, basta olhar para a diversidade de pessoas que estão compondo a campanha: LGBT, heterossexuais, mães e pais de LGBT, lideranças comunitárias, pastores,católicos, candomblecistas, artistas, militantes. Todas(os) por uma Salvador livre de violências e desigualdades! E essa é a nossa maior dificuldade: mostrar isso tudo, ou melhor, nosso desafio.


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