Por Welton Trindade
Na terra do carnaval, a 13ª Parada Gay da Bahia foi tudo, menos uma folia fora de época. O que tomou as ruas do centro de Salvador no domingo 21 foi uma manifestação com muita música sim, mas também com falas politizadas, faixas nos trios elétricos e nos postes com dizeres ativistas e discursos contundentes pela cidadania LGBT.
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No primeiro trio, do Grupo Gay da Bahia, organizador do evento, o presidente Marcelo Cerqueira dava o tom das cobranças. "Chega de homofobia, chega de discriminação. Estamos aqui para mostrar que exigimos respeito". O público mostrava concordância com gritos. O estilista e coordenador LGBT do Rio de Janeiro, Carlos Tufvesson, era o padrinho da parada.
O decano do movimento LGBT brasileiro e fundador do GGB, Luiz Mott, levava suas ideias contra os assassinatos de LGBT a vários trios elétricos. E conseguia ótima resposta quando afirmava no microfone: 'A Bahia é gay! Salvador é gay!"
O público presente já lotava o lugar da concentração, o Largo do Campo Grande, antes mesmo dos 10 trios elétricos começarem a se movimentar, por volta das 16h. Era visível a grande presença de heterossexuais. E mesmo eles mostravam sintonia com a mensagem da parada.
A comerciária Marilene Sousa, de 56 anos e moradora do bairro de Engenho Velho de Brotas, estava acompanhada por primas. Novata? Não! "É a quinta vez que participamos da parada", revelou. Perguntada sobre o que achava do preconceito, a resposta foi rápida: "Homofobia, não!"
Anderson Silva, 23 anos, estava com o sobrinho, de dois anos no ombro. "Vim porque acho bom. E o trouxe porque não queria deixá-lo sozinho. Mas para mim cada um cuida da sua vida."
Nos trios elétricos, no geral, era difícil uma música não ser pontuada por falas no microfone contra a homofobia. Destaque para cantores e tranformistas que mostraram ter mais que talento artístico, mas também engajamento por um mundo melhor.
A parada, dentre vários patrocinadores governamentais, teve apoio da Prefeitura de Salvador e da Bahiatursa, órgão oficial de turismo do Estado. Momentos antes da parada gay sair, o prefeito soteropolitano, ACM Neto, fez história ao ser o primeiro chefe do Poder Executivo municipal presente no ato arco-íris.
Enquanto o desfile tomava conta da Avenida Sete de Setembro e da Rua Carlos Gomes, em formato raro no Brasil, a parada tinha palco fixo em sua concentração. Som de música negra era a atração. Foi aí também o ponto de finalização do evento, que teve forte policiamento tanto no meio da multidão quanto nas diversas vias de acesso à parada e de saída da manifestação.
Realmente, Mott, a Bahia é gay!