Glória Perez parece ter pego o caminho mais difícil para tratar da transexualidade na TV. Em A Força do Querer, a personagem trans mostra-se homossexual.
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No capítulo do sábado 22, Ivana (Carol Duarte) questionou a empregada, Zuleica (Cláudia Mello), se achava que ela era lésbica. A profissional lhe devolveu uma pergunta: "Você está gostando de uma mulher?". E Ivana disse que nunca se interessou por mulheres.
Depois, na cama, sozinha, a garota ficou lembrando de momentos com Cláudio (Gabriel Stauffer) com carinho. Não demorou e ligou para o rapaz para marcarem de sair.
Desde o início da novela, Ivana sente-se desconfortável com seu corpo. Não gosta de roupas e acessórios que a deixem muito feminina e se olha no espelho sem se reconhecer - chegou a socar os próprios seios em sinal de rejeição.
A maioria das pessoas transexuais, no entanto, é hétero. Não há estatísticas sobre o tema, mas grande parte dos homens trans (nasceram mulheres e fizeram a transição para o gênero masculino) gostam de mulheres. Assim como a maioria das mulheres transexuais (nasceram homens mas se identificam com o sexo feminino) gostam de homens.
Por um lado, Glória Perez, autora da trama, está correta em apresentar o drama da personagem passo a passo para que o telespectador se envolva com ela e se aposse do seu conflito. Por outro, a grande maioria das pessoas - inclusive até LGBT - não entende que trans podem ser homossexuais. Sim, eles podem ser homo, bi ou hétero, como qualquer pessoa cisgênero.
A aposta é arriscada, mas é altamente válida. Glória já criou um dos melhores personagens gays da TV, Júnior (Bruno Gagliasso) em América (2005) e tem sensibilidade para tratar do tema. Torçamos para que ela esmiuce a questão de tal forma que desembaralhe a cabeça do telespectador.