Uma professora que errou o gênero de uma aluna trans durante aula na Universidade Federal da Bahia (UFBA) prestará queixa na polícia contra a jovem.
O caso ocorreu na última terça-feira 12. A aluna, Liz Reis, estava na aula pela primeira vez apesar do semestre ter se iniciado em 14 de agosto. Ela assistia à aula de Produção e Circulação de Conteúdos e Mídias Digitais.
O G1 teve acesso aos aúdios completos da aula com 1 hora e 10 minutos de duração.
A professora Jan Alyne Prado usa a palavra "chateado" para se referir a Liz, que imediatamente a corrige.
A aluna se exalta e passa a tratar a professora com ironia e deboche.
"A sua curadoria está tão distinta que você não consegue nem me enxergar como uma mulher, mas desculpa se o meu discurso acadêmico não é compatível com o seu, mesmo estando no mesmo parâmetro", diz Liz.
"Ela começou a se exaltar muito, ficava falando coisas ali que não tinham conexão com a condução da aula, com o programa da disciplina", explicou Jan ao G1.
"Eu não a conhecia, nunca a tinha visto e não fiz a chamada no início da aula. Ela não foi identificada como mulher trans para mim. Eu confundi a minha interpretação, de fato. Eu poderia ter identificado ela tanto como um homem gay, tanto como uma mulher trans. Eu errei."
A aula seguiu até 20 minutos depois Liz interromper a docente e repete a atitude até Jan se impor e dizer que ela é a professora.
A aluna sobe o tom e passa a dizer que vai processar Jan. Ao se se sentir intimidada, a professora sai da sala em busca de um funcionário para que retire Liz da aula.
Enquanto Jan está fora da sala, alguém a chama de "vagabunda". Uma perícia determinará se a voz era de Liz ou de outra aluna.
A professora retorna e Liz segue fazendo analogias escatológicas. "Se eu estivesse comendo cocô, pela pedagogia, a senhora deveria acolher o meu cocô", diz a estudante.
Há uma confusão de vozes na sala, com alunos pedindo que a aula seja encerrada. A professora pede que Liz abaixe o tom de voz e ela não obedece. Jan, então, encerra a aula e Liz sai gritando pelos corredores chamando a docente de "racista" e "transfóbica".
Em nota, a universidade afirmou que professora e aluna serão ouvidas e o caso será apurado.
Um grupo de estudantes realizou manifestação em prol da aluna.
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