O nome desses homens te acompanham. Quando você pensa em diversão, muitas vezes são eles que vêm à sua mente. Forte, né? Mas, calma, não estamos falando daquele seu ex que não vale nada! Mas sim de personagens célebres que dão nomes a ruas e áreas gays em cidades pelo Brasil.
Curta o Guia Gay Salvador no Facebook
Em São Paulo, Rio, BH e Recife, são militar, conde, padeiro, delegado de higiene (!) e até frei que nomeiam áreas de concentração arco-íris. Inveja pura deles, né? Ser imortalizado por meio de tanto fervo e pegação!
BH - Savassi - Amilcare Savassi
Um dos bairros de maior poder aquisitivo de BH, a Savassi é, além de área de boas lojas e restaurantes, um dos epicentros da cena LGBT da capital. São bares, boates, casa para shows e até a própria Praça da Savassi, que agrega jovens em busca de espaços ao ar livre e de baixo custo, e gente de todas as idades para um esquenta antes da balada.
O nome é homenagem a Amilcare Savassi, padeiro italiano que abriu seu negócio na região em 1939. Oficialmente, aliás, o logradouro se chama Diogo de Vasconcelos, mas, por causa da fama da padaria, as pessoas começaram a chamá-la de Praça da Savassi, o que fez com que vários quarteirões do bairro de Funcionários se tornassem o bairro da Savassi.
Recife - Boa Vista - Conde da Boa Vista
O conde que dá nome à avenida e ao bairro que mais concentra endereços LGBT na capital pernambucana nasceu Francisco do Rego Barros, em Cabo de Santo Agostinho (PE), em 1802. Foi militar, bacharelado em Matemática em Paris, e aos 35 anos tornou-se presidente da província de Pernambuco.
Responsável pela decisão de construir o Palácio das Princesas, atual sede do governo do Estado, ele incentivou as artes e trouxe melhorias até então inéditas no Recife, tais como construção de aterros e de sistema de água potável e o Cemitério de Santo Amaro. Recebeu o título de barão em 1841, depois sendo promovido a visconde e, finalmente, a conde, em 1860. Morreu aos 68 anos em 1870.
Portanto, entre uma música brega e outra, entre um dog e outro, entre uma enrolada e outra de toalha pelos lugares gays da região, saiba: é muita nobreza junta!
São Paulo - Rua Frei Caneca - Frei Caneca
Pernambuco aparece de novo por aqui, mas agora para ajudar a contar a história de uma das ruas mais lacradoras de São Paulo. Apelidada de Gay Caneca ou Gay Boneca, a Frei Caneca é o coração LGBT do bairro da Consolação - o segundo com maior número de estabelecimentos arco-íris da capital paulista - e reúne sauna, restaurante, clube, lojas e bares de frequência LGBT, além de um estúdio de tatuagem!
Nascido Joaquim da Silva Rabelo, depois Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, no Recife, em 1779, Frei Caneca teve origem humilde e era filho de português. O apelido Caneca veio em referência ao pai, que fabricava vasilhames. Ordenou-se em 1801 e participou da Revolução Pernambucana, em 1817. Por causa disso, foi enviado a Salvador e preso por quatro anos. Jornalista, foi condenado à morte por fuzilamento em 1825 após se envolver na Confedereção do Equador, um movimento separatista.
O engajamento político - olhe o exemplo - foi marca da vida do frei. Dentre suas frases está uma que tem tudo a ver com o que a rua tornou-se para LGBT: "Quem bebe da minha caneca tem sede de liberdade".
São Paulo - Avenida Vieira de Carvalho - Joaquim José Vieira de Carvalho
Quem passa por São Paulo já ouviu a expressão "bicha da Vieira", "boys da Vieira" ou coisas do tipo. Com apenas três quarteirões, a Avenida Doutor Vieira de Carvalho liga dois importantes pontos do centro da cidade - a Praça da República e o Largo do Arouche - e desde os anos 1960 tem frequência majoritariamente (hoje, quase exclusiva) de gays.
Grande parte dos estabelecimentos é de bares em que se bebe na calçada, com forte apelo a maduros e bears. Os "boys" que se espalhavam nas ilhas da avenida à espera de um programa não estão mais por ali. A avenida é o coração da área com mais estabelecimentos LGBT do Brasil, passam dos 40.
Joaquim José Vieira de Carvalho nasceu em Santos em 1842. Formou-se em Direito pela Faculdade Largo São Francisco em 1862. Foi juiz municipal em Campinas e depois advogado. Por decreto de 19 de novembro de 1881 foi nomeado catedrático de Economia Política da faculdade. Após a proclamação da República foi deputado à Constituinte paulista e senador estadual. Em 1886, por decreto de 17 de setembro, foi jubilado.
Enfim, que o amor e o prazer sejam livres! Decreta-se!
Rio de Janeiro - Rua Farme de Amoedo - José Arthur Farme de Amoedo
É praia, é rua e é um "delegado de higiene"! Sim! A Rua Farme de Amoedo, em Ipanema, em si já é um dos símbolos da vida gay carioca, e dá nome à praia arco-íris mais famosa do País, imediações do Posto 9.
Na rua, concentram-se bares e cafés com predominância de LGBT. Já nas areias, a frequência de homens - brasileiros e estrangeiros - com sungas de marcas famosas e muitos músculos à mostra deixa o público gay ainda mais visível. No verão, tudo vira um grande caldeirão de corpos e pegação.
Tal realidade - pode-se imaginar - seria algo bem longe do que pensaria José Arthur Farme de Amoedo, português da cidade do Porto, nascido em 1823. Ele chegou ao Brasil ainda jovem e estudou em uma das escolas mais tradicionais do Rio, o Colégio São Bento. Adquiriu muitas terras na região onde hoje fica Ipanema. Foi delegado de higiene - atuante em combate a epidemias - das paróquias urbanas. Faleceu aos 55 anos em 1878.
Fiquemos com o possível recado do senhor Farme quando se trata de saúde: camisinha, pessoal!
São Paulo - Largo do Arouche - Tenente General José Arouche de Toledo Rendon
Endereço brasileiro que mais concentra lugares LGBT, o Largo do Arouche é referência para paulistanos e turistas. Dentre saunas, sex clubs, padaria, lojas, clubes e bares, 15 estabelecimentos voltados à comunidade estão ali, mais do que o total de muitas capitais brasileiras.
O próprio largo é um ponto de encontro (e de permanência) de gays, trans e não-binários, onde fazem suas performances, bebem e dançam para aproveitar um espaço sem entrada ou consumação obrigatório. A grande maioria é de jovens e de regiões afastadas do Centro.
O Tenente General José Arouche de Toledo Rendon nasceu em São Paulo em 1756 e era dono do largo e a região onde está a Vila Buarque, bairro contíguo ao Arouche. Formado em Coimbra (Portugal), foi um dos melhores advogados de seu tempo. Participou das lutas pela independência do Brasil, foi deputado constituinte e o primeiro diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, a mais antiga do País.
A partir de 1810, o General Arouche foi o responsável por abrir as primeiras ruas da Praça da República à Avenida São João. Uma parte de sua propriedade era reservada para exercícios militares e ficou conhecida como Praça da Legião, depois Tanque do Arouche, Campo do Arouche e, no fim do século 19, como Largo do Arouche. Foi o introdutor da cultura do chá na capital paulista transformando sua chácara em uma grande plantação. Morreu na cidade em 1834, mas agora é eternizado por muito lacre! Bem mais poder que o militar, né!