Fisiculturistas representam o ideal da masculinidade. Homens com músculos enormes e ultradefinidos que se apresentam em concursos com aura de sobrehumanos, de deuses do Olimpo.
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Em uma atividade em que a virilidade é tão evidenciada, há espaço para os homossexuais? No Dia do Fisiculturista, celebrado nesta terça-feira 30, nossa reportagem conversou com Henrique Seoldo, atleta que acredita ser o único fisiculturista assumidamente gay do Brasil.
Natural de Leopoldina, na Zona da Mata Mineira, Seoldo, com 36 anos, começou a competir em 2012, e teve êxito logo no início. Em 2013, foi campeão nas categorias Body Muscle e Overall (que reúne todos os campeões) no IFBB Champion, da Confederação Internacional de Fisiculturismo. Um ano depois, sagrou-se vencedor da Body Muscle no Campeonato Estadual do Rio de Janeiro, o Mr. Rio.
Os títulos não trouxeram patrocínio. "Mesmo eu tendo me destacado muito, eu saí nos cartazes dos campeonatos, eu só ganhei, me tornei padrão de uma categoria, um feito que raros atletas conseguiram, mas ainda não assim não tive patrocínio", contou Seoldo ao nosso site.
Ele diz que sempre sentiu olhares de discriminação durante as competições - já teve atleta que sequer o cumprimentou -, mas que nunca deixou que isso o afetasse. "Até porque também tem outras pessoas que deixam a gente à vontade, que se aproximam."
"Ser gay é sempre ter de provar que você é o melhor", analisa. "Muitas pessoas já me questionaram, tanto na internet quanto da minha cidade, por eu ser assumido e extremamente bem resolvido, falando que isso me atrapalha para ser patrocinado por uma grande empresa."
"Mas eu sou muito tranquilo quanto a isso. O trabalho que eu fiz mostraram que a condição sexual não está acima do caráter e do desempenho. E as pessoas têm de reconhecer que o que eu conquistei foi por mérito."
Após anos vivendo no Rio, o fisiculturista retornou a sua cidade natal e estava há um tempo fora das disputas. Seoldo confessa o motivo que o fez voltar ao Mister Brasil 2018.
"Eu competi porque o cara que eu amo, com quem eu ia casar, ele ficou de se assumir e vir morar comigo. E ele tinha um sonho de me ver no palco, já que fazia um tempo que eu não competia", revela o atleta sobre seu grande amor, que mora em outra cidade.
Mas eles brigaram e se afastaram. "Ele me bloqueou de todas as redes sociais, do nada, e a única forma de eu fazer com que ele me visse novamente era subindo no palco. E aí eu competi."
O atleta conta que eles voltaram a se falar, mas que pelo rapaz não ser assumido, fica sempre um obstáculo no caminho. "È uma particularidade que eu respeito nele, mas que atrapalha nossa relação."
Seoldo estudou educação física (abandonou no último período para se casar e morar no Rio de Janeiro). Há alguns anos, ele comanda uma imobiliária, que pertence a sua família, e tem dúvidas se voltará a competir.
O motivo? "O boy de novo", ele responde. Houve uma competição em Juiz de Fora (MG), mas Seoldo estava abalado emocionalmente e não conseguiu fazer a dieta necessária. "Sempre que ele vem, ele me desestabiliza. Porque não consegue me esquecer e volta."
Conflitos amorosos à parte, o bonitão não só é um vencedor como também pioneiro, alguém que tem quebrado barreiras e deixará seu nome no esporte. Fora do tablado, Seoldo ainda seduz seus seguidores nas redes sociais com muito corpo à mostra e dose significativa de ousadia - note a deliciosa tattoo que ole ostenta no bumbum. Confira mais imagens: