Em menos de ano, Salvador vai às urnas para escolher os ocupantes da Câmara dos Vereadores e da prefeitura. Esse será momento de fundamental importância para nós LGBT nos organizarmos e colocarmos no poder quem representa a luta pela cidadania.
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Como forma de prover informação e fortalecer o debate, a partir de agora o Guia Gay Salvador divulgará candidaturas compromissadas com LGBT. E esta será apenas uma das várias ações que desenvolveremos. Haverá muito arco-íris nas urnas em 2016! E tudo depende de você, de nós!
A série de entrevistas começa com uma das personalidades mais queridas e representativas da cena LGBT de Salvador, Dion Santyago, que anunciou sua pré-candidatura à Câmara dos Vereadores nas eleições de 2016.
Nascida em Ituberá, no Litoral Sul da Bahia, Dion chegou à capital com 14 anos. Aos dezoito, começou a trabalhar como cabeleireira. "Como todos LGBT, sofri muito preconceito e nunca aceitei a exclusão. Por isso, participei da militância acompanhando até hoje o movimento e cada vez minha insatisfação aumenta com a falta de eficácia das leis", conta.
O trabalho contra a discriminação foi inclusive para os palcos, explica. "Há 35 anos, desde Something, de Shirley Bassey, a primeira música que interpretei, estou das coxias aos palcos tentando fortalecer a importância de uma arte que é linda e ao mesmo tempo mau vista por parte de homofóbicos que acham que o transformismo é só uma forma de me aparecer por vir de homossexuais."
Por que você se candidatou?
Pelas questões que circundam o meio LGBT. É importante deixar bem claro que sou uma pré-candidata à vereadora. Mas quando falo as questões relacionadas ao nosso meio LGBT, falo da impunidade que existe de ontem a hoje e que luto para que nós tenhamos um amanhã diferente. São crimes, assassinatos que ficam impunes e só aumentam. Somos desrespeitados constantemente, não temos voz ativa. Eu inserida neste contexto, fui impulsionada pelo meio LGBT, por pessoas que acreditam em mim, para que seja uma representante que possa fazer valer os nossos direitos e ser cada uma dessas pessoas sendo de fato representante da classe como um todo.
Por que a escolha do Solidariedade?
Foi um partido que mostrou para mim de cara o respeito pelas diferenças. O fato de o partido ser novo também conta em relação aos outros partidos que já existem, as ideologias já estabelecidas que não fazem mudanças, onde não há transformações. Fui acolhida por ser um partido que respeita e potencializa as lideranças. É o momento das minorias saírem das margens e nada melhor do que com Solidariedade nós mudarmos essa realidade.
Quais suas principais bandeiras?
Direitos Humanos. Nós precisamos de respeito, atenção e sensibilidade com o próximo. Esse é o slogan da bandeira que não só defendo, mas que faço parte.
Qual você acredita que será o maior desafio de sua campanha?
Mostrar que os LGBT devem ser vistos, respeitados como cidadãos. É importante desfazer a imagem negativa de muitos preconceituosos acerca dos LGBT. Pagamos impostos, consumimos, como todos, e lutamos para sobreviver, não só com as dificuldades da vida que cada um tem, mas com o olhar diferente, com as palavras de baixo calão. E o pior é que o tratamento que temos nas escolas, nos hospitais, enfim, no dia a dia.
Necessitamos de um tratamento igualitário e para conquistar esse tratamento tenho a intenção de criar um Conselho Municipal LGBT, uma Frente Parlamentar LGBT que cuide da juventude e assegure a validade dos direitos e deveres criando assim uma secretaria específica para nossos jovens, além do fortalecimento e fomento da cultura, como um centro de apoio aos espetáculos do meio LGBT.
