A cada domingo, em uma casa no bairro da Saúde, um grupo se reúne a partir de 15h com um objetivo: louvar a Deus. E porque estar aí e não em uma das 365 igrejas católicas de Salvador ou outros tantos templos evangélicos? Eles são LGBT e se sentem excluídos da teologia cristã predominante.
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Todos estão congregados na Comunidade Cristã Inclusiva de Salvador (Cosis), que tem como objetivo justamente ser espaço em que todos que buscam a Deus possam fazê-lo, sem discriminação, explica Luciano Santana, teólogo, professor, pastor e um dos responsáveis pela comunidade.
No domicílio de um dos integrantes, eles se encontram para fazer orações, adoração e estudos bíblicos. O foco atual, explica Santana, é a teologia inclusiva. "Temos analisado principalmente os textos que os fundamentalistas utilizam para defender que a homossexualidade é condenada por Deus."
A trajetória de Santana é exemplo de quem compõe esse núcleo. Ele é filho de pais batistas e integrou essa igreja, uma das mais tradicionais do ramo evangélico.
O assistente social e professor universitário Ailton Santos é outro fundador do Cosis. A motivação veio de experiências negativas com religiões que não aceitam LGBT.
"Também fui batista, mas tive de me afastar porque eu, como vários gays, não nos sentimos acolhidos. Mas sempre me senti cristão. Tive contato com igrejas inclusivas do Rio, e vi que poderia ser gay e cristão. Daí veio a ideia de criar uma em Salvador."
Perguntado se a Bíblia não condena a homossexualidade, Santos é firme. "Isso é apenas uma interpretação tendenciosa e equivocada. Os atos homogenitais que são citados na Bíblia não têm nada a ver com as relações homoafetivas da atualidade. Tanto no Novo quanto no Velho Testamento, as práticas sexuais entre pessoas do mesmo gênero envolviam um ritual de ofertas para deuses, inclusive como prática prostitucional. Algo bem diferente do que ocorre atualmente."
Para fazer parte da Cosis, que tem como objetivo fundar uma igreja, escreva para o Whatsapp 71 99335-7595.