Com política e eleição, Parada LGBT da Bahia 2016 lota centro

Atuação de candidatos e falas por direitos a LGBT marcaram caminhada

Publicado em 11/09/2016
parada lgbt bahia 2016
Na saída dos trios, por volta das 15h, Campo Grande já estava lotado

As paradas LGBT do Brasil têm algumas marcas próprias. Dentre elas, a mais destacada na comparação com todas as outras pelo mundo nasceu em Salvador: os trios elétricos. No domingo 11, esse berço fez jus tanto àquela criação quanto à necessidade de superar o preconceito contra LGBT. 

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O agito da 15ª Parada LGBT da Bahia começou na hora do almoço, em frente a palco no Campo Grande. Nele, atuaram alguns dos principais nomes do transformismo soteropolitano. Muito glitter, muito bate-cabelo e chamadas para o desfile de oito trios que começaria por volta das 15h. 

O público chegava aos poucos e, no sair da marcha, já tomava conta do espaço. No trio de abertura, do Grupo Gay da Bahia, a psicóloga e transexual Ariane Senna - que ilustrou campanha de divulgação da parada - comemorou em sua fala no microfone o fato de ser a primeira marcha com a sigla LGBT no nome oficial. Até então, era apenas gay. 

O tema do evento - "Viver sem violência é Direito de Travestis e Pessoas Trans" -, no geral, não era lembrado nas falas dos trios ativistas. O discurso feito ao longo do trajeto entre músicas ou até em cima delas dava conta da discriminação que todos e todas LGBT sofrem. 

jean wyllys parada salvador bahia
Jean Wyllys foi presença do trio elétrico do grupo Mães pela Igualdade

O trio que mais focou no tema foi o segundo do desfile, sob responsabilidade da organização Mães pela Diversidade. As cores da bandeira trans (azul, branco e rosa) eram presentes nas artes dos grandes painéis, os quais tinham fotografias de trans como lutadores. Trabalho da fotógrafa Andrea Magnoni. 

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Estava nesse trio o deputado federal Jean Wyllys. Perguntado pelo Guia Gay Salvador se, na opinião dele o movimento LGBT deve abandonar espaços de diálogo com o governo federal, ele preferiu não dar recomendações. 

"O movimento é autônomo. Se quiser conversar com esse governo golpista, o problema é dele. Eu, meu mandato, meu partido não dialogamos com governos golpistas e corruptos." E o governo anterior não era corrupto? "Sim, era, porque tinha o PMDB nele", encerrou. 

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Segunda parada da pequena Natali, agora fora da barriga

Ainda a respeito da atual Presidência da República, nos trios de entidades sociais, eram comum gritos de "Fora, Temer". Entretanto a resposta dos participantes no chão foi pequena. 

Grande mesmo foi a atuação de candidatos a prefeito e vereador nas eleições de outubro. A reportagem viu ações de seis candidaduras LGBT à Câmara Municipal, e outras tantas de pleiteantes que defendem a causa como apoio.

Dentre outros trios, estavam o do Governo da Bahia - com som feito por artistas negros e LGBT da chamada Geração Tombamento -, o do aplicativo Uber - que não raro se mexia verticalmente devido aos pulos dos convidados -, os das casas LGBT Burlesque e Boate Tropical, o Divas - comandado por Dion Santiago -, e o do grupo acadêmico Diadorim, da Uneb.

Estratégica aplicada no evento para dar segurança ao público foi a caminhada de policiais militares em meio à multidão. Entretanto, houve muitos relatos, em redes sociais, de confusões dentre participantes. 

Alheia a isso, estava a pequena Natali, de 11 meses, e seus pais, a auxiliar de administração Jandira Soares, 19 anos, e o frentista Gleidson Sebastião, 23 anos. 

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Miguel Salles e Joab Rocha namoram há quatro anos: "Nunca fomos discriminados"

"É a segunda vez que venho. Ano passado, a Natali estava na barriga. Eu a tive uma semana depois da parada. Agora, é a primeira vez dela fora", brincou. Eles moram em Pernambués, a cerca de 10 quilômetros da área da parada, e foram ao centro especialmente para a marcha. "Quero que minha filha cresça sem preconceito", disse a mamãe. 

A poucos passos, também no Forte de São Pedro, que virou arquibancada para muitos, o casal formado pelo visual merchandiser Miguel Salles, 23 anos, e pelo cabeleireiro Joab Rocha, 23 anos, via passar a marcha. 

Juntos há quatro anos, deram em uníssono a resposta a como é ser gay em Salvador. "Maravilhoso! Nenhum de nós fomos vítimas de discriminação na cidade. Nunca!"

Enfim, caminhada de reinvidicação e de celebração! 


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