Aceitação, adoção e preconceito são alguns dos temas do espetáculo Monstro que faz temporada on-line a partir da quinta-feira 24.
Sozinho no palco, o ator Ricardo Corrêa interpreta Léo, professor de natação de uma escola infantil que é candidato a adotar uma criança junto com o marido.
Quando um dos alunos - de sete anos - o chama de gay, o professor vê oportunidade para encorajar uma cultura de inclusão dentre os pequenos.
No entanto, a partir desse ponto, Léo vira o centro de uma campanha de ódio e passa a ser alvo de ataques.
Corrêa explica que ideia da peça surgiu em 2018 após a eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que criou uma sensação de medo.
"Entendemos que vivemos em uma época de monstros sociais e, juntos, decidimos explorar neste projeto a monstruosidade na condição de discurso estético e político na identidade queer", afirma.
"Assim, aquilo que chamamos de monstro ou de monstruoso é uma espécie de caso limítrofe, uma forma marginalizada, um caso de abjeção."
"Ao colocarmos em cena um professor que sofre todo tido de violência homofóbica por expor sua sexualidade, estamos problematizando as estruturas sociais e as educacionais também. Ainda há pessoas que definem gênero por azul e rosa. Essas discussões são difíceis, mas são necessárias."
"Percebemos que esse é um assunto sobre o qual não se fala, há um silêncio na comunidade LGBT e por isso decidimos enfocá-lo neste projeto artístico, pelos diferenciais que ele carrega em si e por sua tamanha complexidade. Falar de adoção em sistemas sociais em crise, revela a fragilidade dos direitos conquistados frente a uma onda de intolerância", conclui.
Com direção de Davi Reis, a produção da Cia. Artera de Teatro faz parte da Temporada Digital do Teatro Sérgio Cardoso, de São Paulo, e pode ser assistida de quinta a domingo, até 11 de julho, gratuitamente.
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