Em tempos de pandemia da covid-19, milhares de pessoas ao redor do globo estão precisando se reinventar.
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Eventos, como espetáculos teatrais, continuam sem data para voltar ao calendário da maioria das cidades do mundo.
Então, se não é possível levar o público ao teatro, o projeto Galáxia Inc leva a peça até a plateia. Em casa.
A partir desta sexta-feira 15, o espetáculo Cronologia Digital de uma Bicha faz temporada por meio do Sympla Streaming.
A produção, que fez temporada em 2019, estava com tudo pronto para voltar aos palcos no Satyros Um, um dos redutos do teatro alternativo paulistano.
Por causa da quarentena, o grupo adaptou a obra. "Essa nova montagem é praticamente uma produção do 'zero', pois nós partimos da dramaturgia original para buscarmos uma ressignificação do espetáculo como um todo. Ou seja, da montagem que estreiou em 2019 se mantém a espinha dorsal que é o texto, mas todo conceito da narrativa estética e da encenação é totalmente novo", contou a companhia em entrevista à nossa reportagem.
"Antes nós propúnhamos uma imersão do público na cena, junto com o autor protagonista Bicha, e agora a proposta é praticamente um convite a se olhar pelo buraco da fechadura, aplicando esse conceito a tela, seja do celular ou do computador", explicam.
"Muitas pessoas contradizem o conceito de imersão no caso de um trabalho virtual, mas a gente de certa forma está propondo isso também: que o público se aproveite de tela para experimentar a imersão dentro da mente do autor protagonista Bicha, que está com sua memória em convulsão."
O espetáculo acompanha o protagonista Bicha, que jogou seu carro em alta velocidade contra um poste e agora se tornou um sobrevivente do seu próprio passado, isolado dentro de uma roda cronológica quebrada e desfeita, e procura por uma saída tentando resgatar o que sobrou da sua cronologia de vida.
Dentre os estilhaços, ele encontra uma câmera JVC. Ao ligar a câmera, Bicha cria um canal de transmissão entre o passado e o presente, o que pode levar ao futuro. Entre os tempos. As fotos que formavam essa roda se tornam pixels soltos de uma memória em convulsão. A tela se torna o buraco da fechadura. Ou o buraco da fechadura se tornou uma tela?
Para seguir em frente e sair de onde está é preciso se libertar de si mesmo. Ou do que era. O normal não pode voltar. Precisa ser outro. Bicha busca por essa nova experiência, mas antes precisa reaprender a caminhar dali para frente.
A peça faz apresentações às sextas até dia 29, sempre às 22h. Mais informações, como valor de ingressos, você tem em nossa Agenda.