Descoberta da sexualidade na adolescência é tema de 'Sem Coração'

Longa que chega aos cinemas fala de homofobia e violência

Publicado em 18/04/2024
Sem Coração: descoberta gay e lésbica é tema do filme
Grupo de amigos é trunfo, mas também defeito do longa. Foto: Cinemascópio

Por Marcio Claesen

A descoberta do sexo e as incertezas sobre o amanhã são dois dos principais ingredientes de Sem Coração, filme que estreia na cidade nesta quinta-feira 18, dentro do projeto Sessão Vitrine Petrobras, a preços reduzidos.

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No longa-metragem de Nara Normande e Tião, somos apresentados a um grupo de adolescentes que moram no litoral de Alagoas. 

O ano é 1996 e aquele é o último verão de Tamara (Maya de Vicq) na sua cidade natal. Em breve, ela precisará trocar essa região idílica onde construiu sua rede de relações por Brasília, para confeccionar seu futuro.

Tamara, o irmão e os amigos passam o dia todo juntos, seja nadando, pedalando e vendo filmes ou cometendo atos de natureza moralmente duvidosa, como invadir a casa do vizinho.

Em meio às brincadeiras, os jovens soltam pílulas de angústia, ora pelo presente, mas principalmente pelo porvir. 

Essa colcha de retalhos de sentimentos abordada de forma tão genuína pelos diretores responde pela maior qualidade, mas também pelo grande defeito da produção.

Enquanto as situações são desencadeadas sem pressa e com leveza, perde-se o foco do que parece ser a história principal: o interesse de Tamara pela jovem Sem Coração (Eduarda Samara).

Com uma realidade um pouco diferente do grupo, Sem Coração passa boa parte do dia trabalhando e segue como uma incógnita para aqueles que cruzam seu caminho.

Enquanto o encontro entre elas vai sendo construído, os cineastas se dispersam ao desenvolver outras tramas, que envolvem homofobia e violência. 

As histórias paralelas são cativantes e de natureza urgente, muito presentes, não só no interior do País, como nas grandes capitais, mas carecem de maior desenvolvimento. Elas acabam por ficar à superfície e tomam tempo do enredo principal.

O elenco, digno de destaque, parece coeso e à vontade em cena, sem desperdiçar nenhuma cena. São rostos desconhecidos das telas, mas com imenso potencial. Maeve Jinkings e Erom Cordeiro fazem uma espécie de participação afetiva, em poucas sequências, como um tempero especial.

Ainda que irregular, Sem Coração entra no grupo do holandês Garotos, do argentino O Caçador e do brasileiro A Primeira Morte de Joana, longas que trataram da descoberta da sexualidade na adolescência com sensibilidade e que prendem até o último minuto.

 

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