Contra violência, paradas LGBT de Salvador não tocarão pagode

Norma feita de soma de prefeitura e movimento arco-íris vai excluir marchas que tocarem ritmo

Publicado em 23/07/2018
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A norma terá como base leis antibaixaria já aplicadas no carnaval soteropolitano e baiano 

Pagodão, swingueira, quebradeira... O nome não importa. Já está pronto pacto dentre paradas LGBT de bairro em Salvador para que o pagode baiano não tenha mais vez nos eventos.

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A decisão vem como resposta a episódios graves de violência ocorridas em marcha LGBT realizada em Cajazeiras no início do mês. A situação gerou inclusive nota oficial da força de segurança pública do Estado.

Frente ao problema, a União das Paradas LGBT da cidade de Salvador e a Secretaria da Reparação (Semur), responsável na prefeitura por políticas públicas LGBT, lançarão cartilha com norma que bane o ritmo das caminhadas.

Infringir a regra fará a parada ser excluída de apoios oferecidos pelo Poder Público, tal como isenção de taxas, conforme apurou o Guia Gay Salvador

As motivações da normatização são explicadas por José Néris, criador e coordenador do coletivo de 20 paradas de bairro da capital.

"As regras serão realização de luta empreendida desde 2015 para a eliminação de bandas de pagodes que cantam músicas que fazem apologia às drogas, menospreza a imagem das mulheres, incita a violência, promove a discriminação racial e o pré-conceito."

Néris rejeita que a atitude seja baseada em preconceito contra esse típo de canção. "Não temos nada contra o pagode. Apenas não aprovamos algumas músicas que são executadas por algumas bandas e por entender também que este estilo musical não nos representa e nem faz parte da cultura LGBT como as músicas eletrônicas".

A norma terá como base leis antibaixaria (lei Estadual n° 12.573/12 e a lei Municipal 8.286/12) já aplicadas no carnaval soteropolitano e baiano quando os eventos recebem recursos públicos.

A organizadora da Marcha LGBTQ+ do Subúrbio, Rosy Silva, reforça a importância do veto, que é uma das reivindicações principais da comunidade arco-íris no que diz respeito às paradas da cidade.

"É mais que justa a norma. Fazer parada não é só colocar trio elétrico na rua, isso qualquer um coloca. Militância é outra coisa. Esse erro vem desde o momento em que o Grupo Gay da Bahia (GGB) colocou, lá atrás, pagode. Dali as coisas desandaram."

E continua: "O reflexo é que a quantidade de LGBT na parada do GGB é muito pequena em comparação à quantidade marginais. Lá somos violentados, roubados. Parada não é quantidade de gente, é qualidade no ativismo."

A Parada do Orgulho LGBT da Bahia não faz parte do acordo com a prefeitura.


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