Quem acompanha o Top 30 Gay Brasil está acostumado a ver os nomes dos DJ e cantoras estrelados responsáveis por faixas que fazem milhões se jogarem nas pistas de dança Brasil afora. Mas há mais um nome por trás de vários desses sucessos: o do carioca Álvaro Carias.
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A atual número 1 no ranking, Bate Leque (de Tommy Love & Breno Barreto feat. Lorena Simpson), é dele. Outros hits deste ano, como Conga 2k19 (de Tommy Love feat. Adryana Ribeiro, #1 entre abril e maio), Freak (de Rafael Starcevic & Liu Rosa feat. Amannda, #3 em abril) e Rio (de Allan Natal & Amannda, #11 há poucas semanas), também são dele.
Além de compor para alguns dos maiores DJs do País, Álvaro também é cantor - ele tem dois singles lançados no gênero pop, Que Vibe É Essa? e Minha Vez e é DJ neste mesmo estilo de música.
Nossa reportagem foi conversar com Álvaro para saber como surgiu esta vocação de compor, como é o contato dele com esses grandes DJs, quais seus próximos projetos e como ele vê a repercussão do ranking. Confira a entrevista:
Como você se descobriu compositor?
Eu comecei a compor aos oito anos. Eu ainda lembro da minha primeira música! Talvez ainda até tenha o rascunho guardado.
Como é o processo: vem primeiro a ideia da letra ou da melodia?
Geralmente, quando eu escrevo a letra, a melodia já vem junto, se eu tiver um teclado próximo de mim, ali mesmo já coloco as notas na melodia, em cima da letra.
E quando seu contato com os DJs começou?
Eu comecei oficialmente a compor para outros artistas em 2015. À convite do DJ Breno Barreto escrevi os versos de Hey Hey! E depois ele adicionou mais ideias, e a música ainda ganhou os vocais da Lorena Simpson! Foi meu primeiro hit nas pistas e até hoje quando toca, eu me lembro do processo de composição da música, foi uma experiência bem legal!
Cada "approach" é diferente. Hoje, eu tenho a oportunidade de trabalhar com DJs que admiro demais! Breno Barreto, Tommy Love, Allan Natal, Thiago Dukky, Rafael Barreto, Liu Rosa & Rafael Starcevic são alguns dos nomes comque já trabalhei, e posso dizer que com cada um foi um processo diferente.
Hey Hey! (2015) abriu as portas pra mim e eu e o Breno repetimos a parceria em Don't Stop Moving (2016), e logo após o lançamento eu recebi a mensagem Inbox do Tommy [Love], me convidando pra dar uma roupagem nova ao seu já consagrado hit Conga, e assim foi.
Meu trabalho, talento e energia faz com que os produtores me indiquem para trabalhar com outros produtores. Um trabalho foi trazendo outros, e assim, estou seguindo! -
E como é o contato com eles?
Meu contato com os DJs geralmente é feito por meio de mensagens. Eu busco criar um contato, se possível prestigio o set em alguma festa, para fugir um pouco do ambiente sério, porque costumo dizer que, para compor pra outra pessoa, preciso conhecê-la, saber do que ela gosta, o que ela gostaria de dizer na música etc. E isso tudo requer um diálogo, para que ela ao ouvir a música possa dizer: "Essa música tem a minha identidade, a minha cara."
E como você elabora cada parceria?
Cada parceria é elaborada de forma diferente. Geralmente eu recebo a base da música, e, a partir dali crio a letra em cima (como foi em Hey Hey!, Conga) ou geralmente crio a melodia juntamente com a letra, e envio a cappella com a minha voz para o produtor (como foi em Freak e Rio).
O convite parte de quem?
Tenho recebido convites de produtores para trabalharmos juntos, mas sempre que eu escrevo algo legal também envio para alguns produtores mais próximos pra quem sabe um futuro Projeto.
Como tem sido trabalhar com eles?
Trabalhar com esses produtores tem sido muito gratificante. Cada um tem sua identidade, sua forma de trabalhar, de produzir e executar, e isso me encanta muito, pois vejo o quanto a cena é bem diversificada, e cada um, com sua característica, consegue entregar um trabalho Incrível.
Não é apenas a minha letra, mas é o resultado da soma de talentos que nos faz atingir o sucesso em cada um desses singles.
Quais seus próximos projetos?
Meu último trabalho como compositor em 2019 será lançado em 29 de novembro, mais uma parceria a cantora Amannda com o duo Liu Rosa & Rafael Starcevic e se chama Yes e traz uma letra bem safadinha e convidativa! (risos) E já tenho, graças a Deus, muitas parcerias e projetos para 2020. Ainda não posso falar muito sobre os produtores com quem estou trabalhando, mas será um ano bastante produtivo como foi 2019 ou até bem mais!
Por fim, como viu a criação do Top 30 Gay Brasil? Acha que ajudou a movimentar a cena eletrônica?
Sim. Posso dizer, com certeza, que ajudou a motivar todos os Produtores e DJs das pistas eletrônicas LGBTQIA+ do Brasil. Todo e qualquer reconhecimento motiva o merecedor a continuar sua jornada. O chart chegou em um momento que a música brasileira tem sido muito reconhecida lá fora (e dentro do tribal house não é diferente) e esse reconhecimento tem sido muito bom para a cena.