Por Marcio Claesen
Férias de verão na adolescência rendem grandes lembranças e, claro, primícias para inúmeros longas-metragens. Sobre Viagens e Amores, que estreia nesta quinta-feira, é um dos que bebem nessa fonte.
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Dirigido por Gabriele Muccino, o filme começa na ensolarada Roma, quando Marco (Branco Pacitto), de 18 anos, está prestes a ter o verão mais entediante de sua vida, junto a amigos também entendiantes e fazendo exames para uma carreira que ainda não sabe qual seguir.
As coisas mudam, no entanto, após um acidente. O jovem fica semanas em recuperação e, nesse tempo, seus amigos e quase toda a cidade saiu de férias. Quando um cheque de compensação pelo acidente cai em suas mãos, Marco, por influência de um amigo decide-se: vai passar uns dias em São Francisco, o lugar "onde você pode ser quem você é".
Mas o passeio acaba incluindo Maria (Matilda Lutz) que tem poucas afinidades com Marco e os dois já chegam ao outro lado do mundo em conflito. Católica, conservadora, virgem, homofóbica, Maria surpreende-se quando sabe que o casal que o hospedará os dois é gay.
Os embates, no entanto, são superficiais, como quase tudo no longa. Muccino joga com clichês o tempo todo. Um dos membros do casal, Paul (Joseph Haro) trabalha no ramo financeiro e é infeliz "fazendo dinheiro para os outros". O outro, Matt (Taylor Frey) é bissexual e rola um clima com Maria. A sexualidade de Marco é questionada. Em meio a tudo isso, os laços entre os quatro se apertam e os poucos dias tornam-se um mês de férias.
Paul e Matt, fugidos de sua cidade natal, Nova Orleans, se apegam aos adolescentes já que nunca fizeram amizade por ali. Os jovens, por sua vez, experimentam a liberdade que não sentem na sua terra natal e não têm mais vontade de voltar.
Os conflitos - recurso indispensável para que uma história se movimente - são poucos. Surgem praticamente apenas no início e no fim da história deixando todo o miolo do filme como um álbum no Facebook em que se passeia pelas fotos e vídeos repleto de risos, banhos noturnos em mar gelado, baladas gays com todos a sua volta sensualizando com e para você e por aí vai.
No fim das contas, resta um filme com protagonistas belos e empáticos e uma história sobre descobertas. E quer saber? Para uma boa parte da juventude, pode funcionar. Garotos e garotas LGBT na adolescência e nos 20 e poucos anos devem se identificar com a dor do primeiro amor, o embate com os pais, a homofobia, o primeiro porre. Sobre Viagens e Amores, portanto, pode ser desses filmes que ficam em suas cabeças assim como férias inesquecíveis.
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