O cinema arco-íris volta a brilhar a partir desta quinta-feira 30 com a estreia de As Herdeiras.
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O drama conta a história de duas mulheres que estão juntas há 30 anos. Donas de um belo patrimônio, elas vão à falência e passam a vender móveis e objetos da casa.
Mais dramático ainda: uma delas, Chiquita (Margarita Irún), é presa por fraude. À Chela (Ana Brun) resta a apatia e ver os dias passando.
Até que, após um favor a uma vizinha, Chela descobre-se motorista. Ela passa, então, a se dividir entre dois mundos bem diferentes.
Por dois dias da semana, a mulher visita a companheira na prisão e lida com aquele ambiente sem sofisticação alguma.
Nos demais dias, ela leva e traz senhorinhas para jogos de carteado. É ali que conhece Angy (Ana Ivanova), mais jovem, e que lhe desperta uma paixão avassaladora.
Nós adoramos o filme e enumeramos a seguir 4 razões para assisti-lo:
1. Amor na 3ª idade
Filmes com temática LGBT com foco na juventude estão sempre entrando em cartaz, mas e as pessoas mais velhas, não interessam? O recorte LGBT/idosos ainda é pouco explorado nas artes e é um dos motivos que garantem a atenção a este longa.
Aqui, ninguém com menos de 30 anos tem fala e vemos o relacionamento amororo em sua maturidade. É possível começar a gostar de alguém depois dos 60 anos? Como lidar com as expectativas?
2. O Paraguai
O cinema latino-americano já viu momentos de destaque mundial para filmes produzidos no Brasil, Argentina, México....Mas Paraguai? O nosso vizinho não costuma ser associado com a sétima arte e este é um bom momento para vê-lo na telona.
Chela e Chiquita vivem em um bairro nobre de Assunção, no país em que LGBT não têm os mesmos direitos - Paraguai está bem atrás do Brasil nesta questão. A nação virar foco com um filme de temática homossexual ajuda a fomentar discussões sobre o assunto.
3. Os prêmios
O Urso de Prata de melhor atriz no Festival de Berlim é um dos prêmios mais democráticos. Esqueça o Oscar com sua preferência por atrizes norte-americanas e inglesas. Em Berlim, o que importa mesmo é a excelência naquela atuação que está concorrendo.
Ana Brum foi a eleita este ano e se juntou a nomes como Fernanda Montenegro (Central do Brasil), Isabelle Adjani (Camille Claudel) e Elizabeth Taylor (Unidos pelo Mal). O filme também ganhou no mesmo festival os prêmios Teddy (para produções LGBT), pelos leitores da revista Manschaft; e Alfred Bauer, para longas que abrem novas perspectivas.
O longa também faturou seis kikitos no Festival de Gramado, incluindo melhor filme (pelo público e pela crítica), e melhor diretor nos festivais de Cartagena e San Sebastián.
4. Economia das palavras
Aqui, uma das explicações pela interpretação ovacionada de Ana. A atriz não precisa de muito texto para nos convencer. O diretor Marcelo Martinessi capricha nos detalhes: olhares e gestos valem mais que palavras.
Vale ressaltar que a atriz contou que já havia dado sua carreira por encerrada. Conhecida no teatro como Patricia Abente, ela adotou seu primeiro nome e o outro sobrenome para se reinventar e estrear no cinema em grande estilo.
Os horários e locais de exibição você tem em nossa Agenda.