O ano de 2023 começa com um recorde arco-íris no Brasil: os cinco parlamentares LGBT assumidos que passaram a integrar a Câmara dos Deputados em 1º de fevereiro formam o maior número em ocupação simultânea do segmento já registrado no País.
O fato histórico tem como responsáveis o gay Clodoaldo Magalhães (PV-PE), a lésbica Daiana Santos (PCdoB-RS), a bissexual Dandara (PT-MG) e as trans Duda Salabert (PDT-MG) e Erika Hilton (Psol-SP).
É a primeira vez que há uma lésbica e trans deputadas federais no País.
Esse caminho foi aberto por Clodovil Hernandes (PTC-SP), primeiro gay e pessoa da comunidade LGBT assumido a ser eleito deputado federal no Brasil. Seu mandato foi de 1º de fevereiro de 2007 a 17 de março de 2009, quando morreu.
Abertamente contra o casamento homossexual e as paradas do orgulho, ele apresentou projeto de lei para legalizar a união civil entre pessoas do mesmo sexo sem dar status de matrimônio à relação, o que atendia grande parte do movimento LGB.
Na legislatura imediatamente posterior, o País teve o segundo homossexual assumido na Câmara Federal. O psolista Jean Wyllys foi deputado de 2011 a 2019 pelo Rio de Janeiro. Ele conseguiu dentro desse período uma reeleição.
Em 2018, ele havia conseguido o terceiro mandato, porém, dias antes de iniciar a nova legislatura, ele renunciou ao cargo.
Esse ato foi marcante para a quarta legislatura em âmbito federal com pessoas LGBT.
O suplente de Jean foi o bissexual (embora ele tenha também se identificado como gay) David Miranda (Psol-RJ). O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero (PPS-RJ), homossexual, também ocupou vaga por ter sido eleito.
Ao mesmo tempo, um fato histórico ocorria na casa alta: o gay assumido Fabiano Contarato (então na Rede-ES) foi o primeiro homossexual e pessoa da comunidade LGBT a ser senador. Seu mandato vai até 2027.
O correr da legislatura 2019-2023 traria mais boas notícias para a representatividade arco-íris.
A primeira mulher da comunidade assumiu como deputada federal. Suplente, Vivi Reis (Psol-PA), bissexual, passou a ser parlamentar em 2021.
No mesmo ano, em abril, Rafafá (PSDB-PB), gay, ocupou vaga de deputado de 13 de abril a 29 de julho.
Meses depois veio mais um integrante da "bancada arco-íris". O brasiliense Israel Batista (PV) era deputado federal desde 2019, mas só falou publicamente sobre ser gay em outubro.
O mandato de Marcelo foi marcado por inúmeros e longos afastamentos para atuar na Prefeitura do Rio de Janeiro.
Por todas essas razões, o Brasil nunca tinha tido, como agora, cinco parlamentares LGBT em atuação ao mesmo tempo na Câmara dos Deputados.
Essa geração vinda de 2019 não teve bons resultados. Israel, Marcelo e Vivi não obtiveram a reeleição em 2022. David sequer conseguiu disputar a vaga. Ficou doente meses antes da votação e segue internado na UTI desde então.
Marcelo Calero agora é secretário de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro.
