Há campanha dentre entidades LGBT portuguesas para que rua da cidade do Porto receba o nome da travesti brasileira Gisberta Salce Júnior.
Recentemente, pela segunda vez, a Comissão de Toponímia da Câmara Municipal da cidade rejeitou o pedido para efetivar a homenagem. Há abaixo assinado feito pela Marcha do Orgulho LGBT da cidade para fortalecer a demanda. Apenas quem vive no país pode participar.
Segundo o site Dezanove - parceiro do Guia Gay em Portugal - a presidente da comissão, Isabel Ponce de Leão, justificou a decisão afirmando que o órgão "seleciona personalidades carismáticas da cidade, de todas as 'classes", mas que "a pessoa em si nada fez em prol do Porto" e que não consegue "estabelecer uma relação entre Gisberta e o Porto".
Gisberta era paulistana e deixou o Brasil, aos 18 anos, em 1979, por medo da transfobia. Foi primeiramente para a França e depois para Portugal. Seus últimos 20 anos de vida foram passados na cidade do Porto.
Nos meses derradeiros, Gisberta, soropositiva, estava doente e vivia em um prédio abandonado. Três adolescentes se compadeceram da brasileira e, de início, levavam comida a ela.
No entanto, quando a notícia se espalhou no colégio dos jovens, vários colegas - 14 ao todo - foram ao local vê-la e por uma semana se revezavam para agredi-la. Por fim, em 22 de fevereiro de 2006, já muito machucada, Gisberta foi atirada em um poço, ainda viva, onde se afogou e morreu.
Com peso na consciência, um dos garotos contou à direção da escola pouco depois e toda a história foi descoberta.
O assassinato de Gisberta foi a principal motivação para a 1ª Parada do Orgulho LGBT do Porto, realizada naquele ano.
Defensor da homenagem à brasileira, o deputado José Soeiro lembrou que foi por causa de Gisberta que se introduziu a palavra "transfobia" em Portugal.