Quando os deuses querem rir de nós, ele atende aos nossos desejos. Isso serve para você e, pelo visto, para os movimentos identitários. O Brasil tem uma prova disso para esfregar na cara de LGBT-sei-lá-o-Q+.
Atualmente, um dos mais vibrantes (eita) ícones da direita no País não é um militar linha-dura, não é um político anti-aborto-anti-jovem-anti-baleia, não é empresário desalmado que apoia os golpes da 123 Milhas e de Estado. O rei do deserto, ops, desse exército, é um… gay!
Louco, né? Tão louco e despachado quanto Tiago Pavinatto, ele, o kingo das senhorinhas que se escandalizam com a pouca vergonha do TikTok (embora elas não saibam o que seja, no caso, TikTok) e dos pró-tadalafila que enchem "barrigalmente" as camisas da CBF.
No currículo rainbow, o jurista, professor, jornalista e escritor tem o fato de ser um dos fundadores do Diversidade Tucana, núcleo LGBT do PSDB, um partido que existiu na época dos Incas.
Rumo à direitona, o jurista foi no sapatinho (alto). Holofotes começaram a focar o rapagão quando ele integrou a Movimento Brasil Livre (MBL), um dos principais grupos que, na década passada, tiraram a direita dos resorts na Flórida e do bancos das igrejas evangélicas com o grito “Bora dar o nome, mona!”
Dilma não deu conta do choque de monstros. E Pavinatto, que se autodenomina um "gay sem mimimi", continuou no seu catwalk. Foi candidato a vereador em 2020, mas fez a egípcia: “Não gosto de pedir votos”, disse recentemente à Folha de S.Paulo. Ficou com um sashay away…
Mas nova temporada Star qualquer coisa veio! E ele estava lá! No caso, na rede Jovem Pan. Com comentários episódicos em que demonizava a esquerda, dava justificativas higiênicas para um governo imbrochável e atacava o STF por decidir a favor da criminalização da homofobia, ele foi ganhando espaço, e fama, e adoradores, e corações, mas só do tipo que bate do lado direito do peeeeeeeito.
Eu ainda estou em choque: a noite de autógrafos do meu novo livro “DA SILVA: A GRANDE FAKE NEWS DA ESQUERDA” foi a segunda maior da história do Brasil (atrás apenas do Padre Marcelo Rossi). Foram 2.000 mil dedicatórias em 7 horas de evento (e parou porque os livros acabaram).???? pic.twitter.com/gMOwZhfWeA
— Pavinatto (@Pavinatto) August 14, 2023
Não era só Beyoncé que preparava a tour. Pavinatto também! Ao tentar se descolar do bolsonarismo a partir do fim do ano passado, o grupo de comunicação começou a limar da sua tela comentaristas e apresentadores conhecidos e mitosos. Ficou o vácuo. Ficou a oportunidade para o divo!
Brilhava no Pingo nos Is, algo como uma Sessão Cine Privê direitosa, e amealhou um programa seu, o Linha de Frente. Em pouco tempo, esse alcançou liderança de audiência dentre emissoras noticiosas no horário, incomodou a CNN e fez Andréia Sadi piscar (mentira, nada faz Andréia Sadi piscar. Dá um medo, né?).
O primeiro lugar nos charts dos cidadãos de bem não viria de graça! Tomado por um vício em trabalhar de uma Anitta, Pavinato escreveu livro Da Silva, em que tira do pedestal Lula, ops, Lampião, o rei do cangaço, e trata do que chama fake news de esquerda.
O lançamento, realizado em julho, em São Paulo, teve fila de fazer Pabllo Vittar chorar de inveja. Em listas de obras mais vendidas, pontuou mais que Gloria Groove no Spotify. Está na liderança de muitas.
O reino do Pavi (é, ele tem esse codinome draq queenzístico) parecia só feito de notícias boas, mas veio a queda… Em 23 de agosto, foi demitido da Jovem Pan por ter se recusado pedir desculpas ao juiz que ele atacara por o magistrado ter inocentado um acusado de pedofilia.
Queda com um foguete no fundo! Políticos que comandam a direita no país, tais como os senadores Eduardo Girão e Magno Malta, esse um dos maiores inimigos dos direitos gays no Brasil, fizeram declarações públicas em defesa de Pavinatto.
Com o glitter de homem destemido, que diz tudo duela a quien duela, o, enfim, apresentador, teve pico de cerca de 100 mil espectadores simultâneos e mais de 1,6 milhão de visualizações na estreia do seu programa solo que ele criou no Youtube pós-demissão.
O nome? Os Tremas nos Us! Estranho? Só responda depois de vê-lo com uma toalha de rosto no ombro durante quase toda live! O terno, im-pe-cá-vel! A toalhinha… Mas, pelo visto, ele pode tudo!
Pode até ter como primeira foto na busca por seu nome no Google ele sem camisa com outro homem barbado desnudo, seu namorado na época. Um farol da direita que mostra os mamilos! E com outro par de mamilos de macho junto!
Pode até dar nó na cabeça do movimento LGBT que pediu, pede e pedirá sempre por inclusão! Pois é, ei-la! Identitários têm sua Erika Hilton. Direitistas não ficaram atrás, pediram pelo Ifood um dos integrantes do Vale e hoje podem dizer: “Eu, homofóbico? Como homofóbico se eu tenho até foto abraçando o Pavi?!”
Gargalhadas!
Você já ouviu os lançamentos de artistas LGBT ou com foco na comunidade? Siga nossa playlist Rainbow Hits no Spotify que é atualizada constantemente com as melhores do ano do pop, eletrônico e MPB de várias partes do mundo.