O ativista Mounir Baatour, líder do Partido Liberal da Tunísia, anunciou que sairá candidato à presidência de seu país.
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Advogado e membro do Tribunal de Cassação, a mais alta corte da nação, Baatour é abertamente gay.
"Uma referência histórica": assim definiu o seu partido, que trata o advogado como o primeiro candidato declaradamente homosexual a disputar uma eleição presidencial em um país árabe.
Ao contrário do que se imagina, a comunidade LGBT tunisiana não ficou contente com o anúncio.
Ao menos 18 grupos de direitos arco-íris assinaram petição em que afirmam que a candidatura de Baatour é um perigo para a comunidade.
"Achamos que Baatour representa não apenas uma ameaça, mas também um enorme perigo para a nossa comunidade", dizia o abaixo-assinado que pedia que ele não se candidatasse ao cargo.
Em 2013, o advogado foi preso por três meses por "sodomia" com um estudante de 17 anos. Ele nega a acusação.
"O fato de eu ser gay não muda nada. É uma candidatura como todas as outras", disse Baatour à Agência France-Presse.
"Eu tenho um programa econômico, social, cultural e educacional para tudo o que afeta os tunisianos em suas vidas diárias."
Baatour é cofundador da associação Shams, por meio da qual há anos ele faz campanha contra a criminalização do sexo gay na Tunísia, que pode prender homossexuais por até três anos.
As condenações por relações entre pessoas do mesmo sexo, segundo o advogado contou à reportagem, aumentaram em 60%, passando de 79 em 2017 para 127 no ano passado.
No primeiro trimestre de 2019, foram 25 condenações.
"Eu vi que não há progresso neste assunto na Tunísia: não há nenhum político que esteja endossando esses casos e, na minha opinião, eu sou a melhor pessoa que pode mudar a sociedade tunisiana", afirmou Baatour à agência Reuters, no mês passado.