Com dores fortes e constantes há anos no período menstrual, uma mulher lésbica ouviu de um médico que retirar seu útero para por fim a seu martírio não era opção, pois sua orientação sexual poderia mudar no futuro.
Rachel Champ, de 27 anos, é casada com Karen Champ, e denunciou conduta do médico após a consulta em Longwood, na Irlanda.
Desde os 10 anos, sua vida muda quando está no período menstrual. Cãibras, dores nas pernas e na região lombar, exanquecas e náuseas são tão fortes que Rachel disse sentir vontade de não estar mais viva.
"A dor que sinto afeta todos os aspectos da minha vida", relatou ao jornal Mirror. "Tenho saudade do trabalho, da faculdade e de eventos sociais. Minha vida, incluindo meu casamento, é planejada de acordo com a minha menstruação, porque sei que não poderei sair da cama."
Depois de anos tomando analgésicos receitados pelos médicos, ela fez exames mais detalhados, tais como tomografia computadorizada, e descobriu que tinha vários cistos no ovário.
Um médico, então, sugeriu que ela adiantasse a menopausa, mas um superior dele não autorizou o procedimento.
Quando Rachel sugeriu uma histerectomia (extração do útero e ovários), ela recebeu negativa do médico com justificativa sobre possível modificação da orientação sexual.
"Ele se sentou na minha frente enquanto eu estava com a minha esposa e me disse que adiantar a menopausa não seria uma opção para mim, pois não é uma solução de longo prazo, considerando minha idade."
"Perguntei se uma histerectomia seria considerada uma opção. Como primeira razão para a negativa, ele falou da minha idade, alta para o procedimento."
Então veio a consideração sobre a possibilidade de ela deixar de ser lésbica se fizesse a cirurgia.
“Ele disse: ‘Não quero que você se arrependa se as circunstâncias mudarem para você, talvez você deixe sua parceira, sua orientação sexual mude, você conhece alguém e ele queira ter filhos'."
"Nós duas ficamos em choque com esta resposta. Saímos da consulta chorando por causa da forma como fui tratada e como nosso relacionamento não foi considerado", lamentou.
O casal denunciou o profissional. "Espero que isso signifique que outra pessoa não seja tratada da mesma maneira que eu fui. Especificamente, espero que também destaque as barreiras que a comunidade LGBT enfrenta ao tentar obter tratamento médico e como os preconceitos dos médicos podem levar a consequências devastadoras para nós."