Decano do movimento LGBT brasileiro, o antropólogo e ativista Luiz Mott criticou o cardeal de Salvador por celebrar missa somente em homenagem às vítimas de transfobia, excluindo gays, lésbicas e bissexuais cis gêneros.
Curta o Guia Gay Salvador no Facebook
A celebração será realizada na sexta 21, às 17h, na Capela Sagrada Família, no bairro do Garcia, na capital baiana, tendo à frente o Dom Sergio da Rocha. O evento será transmitido pela internet e foi divulgado como lembrança exclusivamente de pessoas trans.
"Há anos passados, o Grupo Gay da Bahia [GGB] celebrou missa na Igreja da Piedade pelas vítimas da aids e pelos LGBT assassinados", lembrou Mott, ao Guia Gay Salvador.
"Embora a Igreja Católica tenha as mãos sujas de sangue por séculos de pregação anti-LGBT, tendo queimado muitos sodomitas nas fogueiras da Inquisição, qualquer instituição que nos apoie deve merecer a nossa aprovação", continuou.
"Porém, no relatório que o GGB divulgou em 17 de maio, Dia Nacional contra a Homofobia, constam 237 LGBTs mortos, incluindo gays, lésbicas e até heterossexual confundido com gay, além de travestis e transexuais."
"Portanto, celebrar missa em memória apenas de um segmento é discriminatório. Onde ficam as demais vitimas que não foram citadas? Nós consideramos que foi uma injustiça contra as demais vítimas não travestis, sobretudo partindo de uma entidade governamental cujo objetivo é defender a cidadania de todas essas categorias", finalizou.
A iniciativa da celebração religiosa partiu do Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT da Bahia (CPDD-LGBT), ligado ao Governo da Bahia.
Em sua página no Facebook, o serviço falou do evento.
"Diante dos inúmeros casos de assassinatos de pessoas transexuais, o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha, acolheu o pedido do Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT da Bahia (CPDD-LGBT) e irá celebrar uma missa em memória a população LGBTQIA+ vítima da LGBTfobia."
Ao Guia Gay Salvador, a assessoria de imprensa da arquidiocese confirmou que foi divulgado inicialmente, com anuência do CPDD, que a missa teria apenas transfobia no nome, mas que agora haverá destaque para toda população LGBT.