Um iraquiano vive uma situação insólita na Holanda. Ele pode ser deportado para seu intolerante e homofóbico país por não ser "gay o bastante".
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Sahir (cujo sobrenome é mantido em sigilo) tem 29 anos e fugiu do Iraque. Em terras holandesas, refugiados precisam passar por um ou dois encontros com assistentes sociais que precisam ser convencidos de que a pessoa é homossexual.
Segundo seu advogado, Erik Hagernaars, a Sahir foi negado o asilo por ele não ser gay, ou ao menos, "gay o bastante". Detalhe: ele tem namorado, também iraquiano, com quem dorme todas as noites. Mesmo dizendo que fazem sexo até mais de uma vez por dia, o governo holandês não se convenceu.
Hagernaars afirma que nem todo refugiado está pronto para falar com clareza sobre seu processo de aceitação. "Às vezes, o processo é muito humilhante", contou o advogado à Folha de S.Paulo. "Eu digo aos clientes que precisam falar com o assistente social sobre seu processo interior, mas eles não sabem o que isso significa." Depoimentos de terceiros, por exemplo, não são considerados.
O profissional trabalha com esse tipo de caso há quatro anos e só em 2016 atendeu mais de 200 deles. Ele defende que haja análises psicológicas durante o processo. "As autoridades esperam que as pessoas vindas de países como o Iraque e a Síria passem por um período de autoconhecimento e possam falar sobre isso."
Este não foi o primeiro caso do tipo, mas com a repercussão - que originou até uma campanha na Holanda chamada "Não gay o bastante" - Sahir deve ser ouvido novamente em até um mês e tem nova chance de provar que é gay, muito gay!