Uma das políticas brasileiras com o maior histórico de defesa da comunidade LGBT sairá de cena. Marta Suplicy anunciou, nesta sexta-feira 3, sua desfiliação ao MDB.
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Marta tinha duas opções na eleição de outubro: concorrer à reeleição ao Senado por São Paulo ou aceitar ser vice na chapa à Presidência junto com Henrique Meirelles.
Segundo O Globo, Marta estava insatisfeita com o governo Michel Temer e pensava há duas semanas em abandonar o partido.
"[Marta] está se retirando da vida político-partidária, mas vai continuar defendendo suas bandeiras", afirmou uma fonte ao jornal, citando como exemplos a defesa das mulheres, minorias e do desenvolvimento social.
No comunicado, chamado "Carta aos Paulistas", Marta criticou os partidos. "Não é novidade que os partidos políticos brasileiros, de forma geral, encontram-se fragilizados, acuados e sem norte político (...) A relação de grande parte dos partidos e de parlamentares com o Executivo na base de nomeações e vantagens levou ao insuportável 'toma lá dá cá', afrontando todos os padrões de dignidade e honradez da sociedade. Esse sistema faliu e precisa ser, urgentemente, reformado", diz.
Marta agradeceu os 8,3 milhões de paulistas que a deram a oportunidade de, nos últimos oito anos, trabalhar como senadora, e citou algumas de suas bandeiras, como o combate às desigualdades, às injustiças sociais e a militância pelos direitos das mulheres e da população LGBTI.
No fim do texto, segundo O Globo, a senadora considera que poderá contribuir para mudanças atuando mais na sociedade civil do que no parlamento, e defende um projeto nacional de desenvolvimento e o aumento da produção e riqueza.
"Isso possibilitará todo brasileiro e toda brasileira terem educação de qualidade, saúde, segurança e um emprego para trabalhar e viver com dignidade", diz.
Marta tem 73 anos e é formada sexóloga. Nos anos 1980, ficou famosa por falar sobre temas sexuais no programa matutino TV Mulher, da TV Globo.
Foi eleita deputada federal em 1994 pelo PT, partido em que ficou por décadas, e apresentou o primeiro projeto de lei brasileiro de união civil entre homossexuais (o PL 1151, de 1995) que foi retirado de pauta em 2001.
Marta também apresentou a Proposta de Emenda à Constituição 139/1995, que visava proibir a discriminação motivada pela orientação sexual. A proposta foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois foi arquivada.
Em 2000, elegeu-se prefeita de São Paulo. Já fomo senadora, Marta apresentou o PL 612 / 2011 que trata do casamento homoafetivo. Desde fevereiro passado, o projeto está pronto para ser deliberado em plenário.