O jornalista Glenn Greenwald fez críticas ao Partido dos Trabalhadores (PT) por sucessivos ataques que estariam ocorrendo contra ele e o marido, o deputado federal David Miranda (PDT-RJ).
Glenn afirma, em artigo de opinião publicado na Folha de S.Paulo nesta quarta-feira 22, que a perseguição começou em março quando David deixou o Psol, se filiou ao PDT e anunciou voto em Ciro Gomes (PDT) à eleição presidencial de outubro.
Ele define a ala da legenda responsável pelos ataques como "tóxica" e "inescrupulosa" e ainda que "não represente a maioria do partido, trata-se de um grupo bem organizado, financiado e articulado, que dispõe de vários blogs - e cuja mensagem tem amplo alcance."
O exemplo mais recente citado pelo jornalista norte-americano é o de um tuíte que viralizou há duas semanas chamando-o de seu Ladir. O personagem da série Toma Lá, Dá Cá (2007-2009) foi vivido por Ítalo Rossi (1931-2011) e era um gay enrustido casado com a síndica, Álvara (Stella Miranda), mulher que só pensava em dinheiro.
"Enquanto eu via o tuíte viralizar entre a esquerda petista, o que me causou mais espanto foi o emprego de praticamente todos os preconceitos contra homens gays negros favelados, que não tiveram acesso a educação formal, os mesmos termos pejorativos que vejo ser usados contra David e outros como ele em nossos 17 anos de casamento", escreveu.
"De acordo com essa linha de ataque, David não passa de um 'rapaz burro', um objeto sexual cuja vida não tem valor ou propósito além da exploração de seu corpo, objetificado para ser usufruído por outros homens (no caso, seu marido)."
A postagem fez o termo "Seu Ladir" parar nos "trending topics" do Twitter tanto no dia como nesta quarta-feira, após a divulgação do texto de Glenn.
Os internautas criticam tanto David quanto o próprio Glenn, que tem 55 anos, citando sua idade e sexualidade de forma pejorativa.
"Esse tipo de difamação contra David, menosprezando seu caráter e sua história de vida para pintar uma caricatura grotesca e preconceituosa, instrumentalizando o mesmo preconceito classista, racista e homofóbico que o PT diz combater, está numa categoria totalmente distinta e vazia de qualquer substância crítica real", aponta.
Glenn segue o texto lembrando das dificuldades que David enfrentou como "gay, negro e imerso numa realidade de precariedade socioeconômica" e de sua trajetória política. Ele se tornou vereador pelo Rio de Janeiro nas eleições de 2016 e assumiu cadeira no Congresso Nacional em fevereiro de 2019, após Jean Wyllys deixar o cargo.
David Miranda é bissexual e um dos quatro únicos parlamentares abertamente LGBT hoje no Congresso - os outros dois são a deputada também bissexual Vivi Reis (Psol-PA), o deputado Professor Israel (PV-DF) e o senador Fabiano Contarato (PT-ES), ambos gays.