Um adolescente de 17 anos sofreu violência homofóbica de seus próprios pais em Itaquaquecetuba, Região Metropolitana de São Paulo.
Ao G1, o jovem contou que as agressões começaram quando ele se assumiu gay para a família aos 14 anos e aumentaram há um ano e meio quando ele começou a namorar um rapaz, hoje com 19 anos.
Neste domingo 24, as ameaças se iniciaram quando se preparava para ir ao Centro comprar uma capinha para celular.
"Eles começaram a falar que eu não ia sair. 'Não vai sair de casa para encontrar macho'. Eu ignorei, não costumo rebater o que eles falam. Quando eu estava saindo, minha mãe começou a falar mais ainda e meu pai começou a brigar também. Nisso, eu não aguentei e respondi", relata.
"Meu pai começou a vir atrás de mim com muita raiva e minha mãe disse 'pode bater, pode quebrar'. Ele puxou minha mochila, me deu socos, me derrubou no chão e deu várias chutes na minha cabeça."
Uma vizinha conseguir parar o pai da vítima e levou o garoto para a sua casa. O adolescente ligou para os pais de seu namorado e juntos foram ao 1º DP de Itaquaquecetuba. O caso foi registrado como lesão corporal e maus-tratos.
"Para mim, acordar todos os dias e ouvir 'você vai morrer, Deus vai te mandar pro inferno', é horrível. Que tipo de cristãos são esses?", questiona o jovem.
O adolescente já foi abrigado antes pela mãe do namorado, a professora Cristiane Siqueira. O garoto procurou o Conselho Tutelar e ouviu que "ele tinha que voltar para a casa dele".
"Um menor que é agredido fisicamente e verbalmente o tempo todo foi obrigado a continuar morando com os pais. O Conselho falou que são pais dele e que ele tinha que acatar ordens dos pais", afirma a professora.
Os pais também não aceitem que ele trabalhe. O adolescente é jovem aprendiz na prefeitura de sua cidade. Ele começou a trabalhar justamente para ter um pouco de independência financeira sob gestão do Conselho Tutelar.
"Bloqueei todo mundo das minhas redes sociais. Nunca fui de falar muito sobre meus pais, mas eu não sei o que fazer agora. Eu não vou voltar para casa, estou com medo. O que eu quero é pegar minhas coisas e ir embora", diz o jovem.
A prefeitura informou que o jovem é acompanhado pelo conselho e pelo Centro de Referência Especializado de Assistência (Creas) e que está apurando informações.
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