Há inúmeros cordões em que gays são bem-vindos em Salvador, mas é preciso pensar duas vezes se quiser acompanhar o bloco da Banda Eva.
Curta o Guia Gay Salvador no Facebook
O fisioterapeuta Roberto Santos processa o bloco após ser agredido por seguranças no último carnaval.
Segundo o Bahia Notícias, Roberto beijava outro rapaz quando foi abordado por um segurança do trio que disse "nossa, que nojo" para o casal.
O fisioterapeuta questionou o profissional sobre o motivo do comentário. A resposta, que consta na petição inicial do processo, foi "tenho nojo de vocês gays".
Roberto indagou novamente o funcionário, perguntando se ele tinha conhecimento que aquela ação poderia ser classificada como criminosa. A resposta do funcionário foi: "Crime é ser criado um homem e uma mulher e vocês ficarem nessa viadagem".
Tudo piorou depois. Ao comunicar que iria chamar o responsável do bloco, o fisioterapeuta diz ter sido imediatamente agredido pelo segurança. Segundo Roberto, foram socos, chutes, pontapés, empurrões e tapas no rosto desferidos pelo agressor e outros nove funcionários que se aproximaram da situação.
Os amigos de Roberto, que filmavam o ocorrido, tiveram seus aparelhos celulares tomados à força, assim como a vítima. "Eu estava curtindo o meu bloco. Expliquei o motivo que me fez gravar a situação e ele torceu o meu polegar para pegar o celular que estava na minha mão. Ela se abriu automaticamente", contou Roberto.
Ao não conseguir desbloquear o celular, o agressor ainda teria quebrado o aparelho. No meio da confusão, Roberto ainda foi obrigado pelos seguranças a tirar seu abadá . A camisa foi rasgada e o fisioterapeuta foi expulso do bloco.
Uma mulher que acompanhava a situação de um camarote conseguiu registrar parte das agressões e encaminhou as filmagens para Roberto após ele ser posto para fora das cordas. O vídeo servirá de prova durante o processo.
Roberto abriu processo contra a Estrada Velha Produções Ltda., que organiza o desfile do trio, pedindo R$ 20 mil de indenização por danos morais e restituição de valores gastos, tais como do celular quebrado (R$ 1.319), abadá (R$ 280) e tratamento psicoterapêutico (R$ 3 mil).
Uma audiência conciliatória está marcada com advogados da empresa para o fim da primeira quinzena de setembro.
Além das agressões, Roberto Santos reclama que foi desassistido pela organização do bloco após a situação. "Fui até o carro de apoio onde a única medida tomada pelo bloco foi de passar álcool nas minhas feridas", falou.
"O Bloco Eva precisa ter mais cuidado com os seus foliões. Espero que a partir desse processo, eles saibam, no mínimo, indicar melhor e instruir os seus funcionários. O Carnaval de Salvador é múltiplo e plural. Uma coisa dessas não pode acontecer."
À reportagem, o grupo Eva afirmou desconhecer qualquer informação sobre o processo e diz que não teve tempo hábil de consultar o setor jurídico da empresa.