Não há dúvida: o ano de 2020 é um marco na história. A pandemia do novo coronavírus afetou todos os aspectos da vida humana. Entretanto, a dinâmica social, mesmo com adaptações, limitações, perdas e receios, continuou. E quem, dentre LGBT, atuou de forma mais destacada nesse cenário no País?
Curta o Guia Gay Salvador no Facebook
Com base em análise feita ao longo de todo ano, eis aqui uma resposta sólida e criteriosa: a lista 50 LGBT Mais Influentes do Brasil 2020.
Pelo terceiro ano consecutivo, a Rede Guiya - que publica este site e mais quatro guias gays de outras capitais - divulga esse rol, que, a cada edição, ajuda a registrar pessoas que tiveram e usaram seu poder de influência.
Não é catálogo de ativistas. Há inclusive quem, mesmo sendo LGBT, atuou contra a causa arco-íris ou nada ou pouco por ela fez.
Não é ranking de quem tem mais fama. Muitas pessoas provam que não é apenas por meio de milhares de likes nas rede sociais que se pode causar reverberação na vida de milhões de outras.
Não é julgamento moral nem ideológico. A vida social e política do país é complexa demais para caber em bolhas, feitas de purismo - seja de que essência for.
Trata-se de tentativa de analisar, isso sim, a influência de pessoas LGBT por meio de suas responsabilidades, falas, atos, redes de contatos, espaços de poder que ocupam e/ou são por elas construídos. Onde? Na vida pessoal, na profissão, na política, nas redes sociais, na mídia...
Uma lista como essa é viva e fala de seu tempo. O novo coronavírus moldou a seleção deste ano. O fato de áreas tais como televisão, cinema, turismo, entretenimento LGBT, música e esportes terem sido bastante afetadas pela pandemia cerceou a atuação de muitas pessoas desses campos em relação a edições anteriores..
Por outro lado, com todo mundo dentro de casa por meses, influenciadores digitais foram ainda mais vistos e ouvidos. Ganharam projeção.
Outro acontecimento marcante que está no DNA desta lista foi a ida do Brasil às urnas para escolher quem vai gerir as cidades nos próximos quatro anos. Vitórias, trajetórias e derrotas e as dimensões alcançadas por elas estão refletidas aqui.
Sobre quem é LGBT? Age-se aqui com apenas uma postura: a de que respeitar a autodeclaração é um dos ensinamentos mais importantes que a luta social identitária ensinou e ensina.
40º - Vitória Strada
Após protagonizar duas novelas das seis na TV Globo, Vitória estreou no horário das sete, em janeiro, um mês após seu romance com a também atriz Marcella Rica se tornar público por meio de um jornal carioca. Em dois meses em Salve-se Quem Puder (suspensa em março por causa da pandemia e com retorno no começo de 2021) Vitória repercutiu muito nas redes ao mostrar seu talento, ainda desconhecido do público, em um papel cômico, como a divertida e neurótica Kyra.
No decorrer do ano seus 1,8 milhão de seguidores acompanharam um pouco do amor e cumplicidade que troca com a companheira. Vitoria e Marcela são o único casal homossexual indicado a casal do ano no Prêmio Contigo! 2020, a principal revista de televisão do País.
39º - Onã Rudá
O ativista soteropolitano hoje é nome respeitado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) como interlocutor por ele ter levantado a bandeira do combate à homofobia dentro desse esporte.
Esse status foi obtido quando articulou a união e formação de grupos de pessoas LGBT que torcem por algum clube. Como resultado da ação, foi criado o Coletivo Nacional de Torcidas LGBTQ Canarinhos Arco-íris, com 13 agrupamentos. Dentre os objetivos, está o de receber denúncias de discriminação e atuar junto à Justiça desportiva.
38º - Alexandra Gurgel
Quem for discutir a representação do corpo fora dos padrões típicos de beleza na mídia hoje decerto não deixará de conversar com Alexandra Gurgel. A jornalista, lésbica assumida, tornou-se um nome indispensável sobre o tema ao fundar o Movimento Corpo Livre.
Com 1 milhão de seguidores no Instagram e meio milhão no YouTube, suas páginas, Alexandrismos, publicam vídeos e falas de empoderamento e inclusão do corpo gordo, exercícios, alimentação e discriminação contra gordos. Em novembro, Alexandra venceu como influenciadora brasileira do ano no prestigiado People’s Choice Awards, prêmio norte-americano decidido pelo público, criado em 1975, e que passou a contar com categorias específicas para alguns países.
37º - Marcelo Gallego
O advogado é coordenador de Políticas para a Diversidade Sexual, órgão da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, cuja população, de 46 milhões de pessoas, é maior que a da Argentina.
Sob responsabilidade dele estão políticas públicas pró-LGBT diretas ou em articulação com outras áreas do governo e aplicação da lei estadual contra discriminação que afeta o segmento. Atuou diretamente em casos de repercussão nacional em denúncias contra falas homofóbicas do jornalista Leandro Narloch (ex-CNN) e do apresentador de TV Gilberto Barros.
36º - Marina Reidel
Uma mulher trans responde pelo mais alto cargo da República que tem responsabilidade pela promoção, garantia e defesa da cidadania arco-íris. Trata-se dessa gaúcha, que está no posto desde o governo Michel Temer (2016-2018) e foi mantida no atual gestão bolsonarista.
Pelo menos dentro do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Marina é ouvida quando o assunto são políticas que se relacionem com LGBT. Em 2020, o ministério lançou edital para capacitação laboral de travestis e transexuais e divulgou programa para refugiados LGBT na pandemia.
35º - Samira Close
O que Samira Close fazia como hobby na periferia de Fortaleza hoje lhe dá sustento e fama em São Paulo: jogar. Das lan houses na capital cearense para lives assistidas por milhões de pessoas, a streamer tornou-se conhecida pela habilidade com os games e também pela forma diferente com que se apresenta.
Ela acredita ter sido a primeira drag queen em lives de jogos e já contou com nomes estrelados em suas partidas, como Anitta e Pabllo Vittar.
34º - Hugo Gloss
De site sobre celebridades a um dos maiores portais de cultura pop do País. Foi o que fez, em sete anos, o jornalista Bruno Rocha, mais conhecido como Hugo Gloss, com seu principal cartão de visitas. Depois de conquistar os famosos nacionais, o brasiliense também emenda entrevistas com nomes como Justin Timberlake, Margot Robbie e Gal Gadot.
Ele também se tornou o principal representante brasileiro no tapete vermelho das maiores premiações estrangeiras, como Grammy e Globo de Ouro. No Oscar, ele esteve pelo quarto ano consecutivo em 2020, com transmissão pelo canal a cabo TNT.
33º - Marcela Mc Gowan
Médica do interior de São Paulo, Marcela mexeu, inicialmente, com as meninas, na rede social, ao entrar no BBB20 e ter sua bissexualidade noticiada. Mas ela ganhou mesmo apoio maciço e numeroso fora da casa quando tornou-se bastião pela causa feminista dentro do reality ao se contrapor a uma artimanha dos homens para continuar no programa.
Fora do programa, Marcela, que é especializada em ginecologia, fez lives sobre sexo e desejo que repercutiram bastante, consolidou um volume considerável de fãs e lançou linha de joias.
32º - Gloria Groove
Depois de um 2019 marcado por hits para as pistas e que a consagraram dentre os nomes da cena LGBT com mais destaque na música brasileira, Gloria apostou em produções mais intimistas e com pegada r&b, como a parceria com a sua mãe, Gina Garcia (backing vocal do grupo Raça Negra), em Incondicional.
Ponto alto do ano foi sua participação na canção Deve Ser Horrível Dormir sem Mim, de Manu Gavassi, que proporcionou um dos melhores videoclipes nacionais de 2020. Vale o destaque da estreia de Gloria no Domingão do Faustão (programa de auditório mais visto da TV brasileira), em março, e seu segundo ano consecutivo com trio próprio no carnaval de São Paulo.
31º - Gustavo Rocha
São 13,5 milhões de seguidores, somando Instagram, TikTok, YouTube e Twitter. Esse volume colossal de fãs transformou o “outing’ do influencer, em outubro, no mais falado do ano. Por um lado, o depoimento de Gustavo gerou milhares de elogios e impactou positivamente na vida de muitos gays e lésbicas jovens que viviam no armário e disseram ter ganho força e exemplo para assumirem quem são.
Por outro lado, a reverberação da saída do armário foi tão grande que gerou até críticas acusando o produtor de conteúdo de fazer publicidade de uma marca de roupas no momento da revelação apenas por estar vestindo a grife. Houve também quem minimizasse o momento julgando Gustavo por sua cor de pele e tipo físico.