A prinícipio, parece uma insensatez, mas para alguns pode fazer sentido os números de uma pesquisa que mostram que 1 em cada 5 gays franceses pretende votar na candidata de extrema-direita Marine Le Pen nas eleições presidenciais de 23 de abril na França.
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Dos 3.200 homossexuais entrevistados pelo aplicativo Hornet, 19,2% disseram que votarão na candidata da Frente Nacional que pretende, se vencer, derrubar a qualquer custo a lei que permite o casamento gay e adoção por casais homossexuais.
Este eleitorado, conservador, deixa de lado os direitos LGBT e entende como prioridade itens como emprego, educação e segurança, além do medo do Estado Islâmico, que já fez vítimas em atentados na França e é um pontos principais na campanha de Le Pen.
Ainda que os homossexuais não tenham sido motivo específico de ataque no país, em outros lugares, como na Síria, gays estão dentre as principais vítimas do grupo que os jogam vivos de cima de prédios.
O medo da imigração de pessoas oriundas de países de maioria muçulmana, que não para de crescer na Europa, também pode ser relevante aos votantes gays de Le Pen. Afinal, a candidata é declaradamente xenófoba e muçulmanos, em geral, condenam a homossexualidade.
É quase como se a candidata estivesse dizendo a essa parcela da população: Eu lhes tirarei direitos, mas lhes darei empregos (barrando a imigração) e lhes garantirei a vida (combatendo o Estado Islâmico e muçulmanos em geral).
Em seu plano de governo, Le Pen pretende acabar com o casamento de homossexuais e lhes dar parceria civil, algo parecido com o que vigorou no país entre 1999 e 2013. Todos os gays e lésbicas que se casaram entre 2013 e 2017, no entanto, não perderiam os direitos adquiridos, a lei funcionaria apenas para as novas uniões.
De volta à pesquisa, o preferido dos gays entrevistados é o candidato de centro-esquerda Emmanuel Macron com 38,1% dos votos. Após Le Pen, aparece o candidato de extrema-esquerda Benoït Hamon com 18,5% e o candidato conservador François Fillon com 7,3%.
Dentre o eleitorado francês em geral, pesquisas divulgadas nos últimos dias apontam Le Pen em primeiro com 26%, Macron com 25%, Fillon com 17% e Hamon com 16%. Fillon era o favorito a ir para o segundo turno com Le Pen, mas se envolveu em um escândalo a respeito de um cargo que deu para a esposa em seu gabinete e seus números despencaram.
Já o bonitão Macron, que deve ir ao segundo turno e é favorável aos direitos LGBT, precisou desmentir boatos de que teria um caso gay extraconjugal com um radialista. Não se sabe se os rumores têm um fundo de verdade ou não passam de uma artimanha da Rússia que estaria inventando situações na tentativa de impedir que o candidato se torne o próximo presidente da França.