Robyssão não terá mais dias tranquilos. Ao menos dentro da comunidade LGBT. Após o Grupo Gay da Liberdade (GGL) encaminhar uma denúncia de homofobia contra uma música sua ao Ministério Público do Estado, o Grupo Gay da Bahia (GGB) oferece R$ 1 mil a quem escrever uma canção em resposta ao artista.
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Toda essa revolta é justificada: a letra da música Quem Banca É o Viado é repleta de preconceito e discriminação. Em tom de patrulha, o cantor elenca inúmeros bens que um rapaz estaria ostentando após ser visto saindo da casa de um homossexual. Até parece que estamos no Irã com a patrulha religiosa pronta para lhe condenar a chibatadas ou de volta aos anos 1980 quando vizinhos se preocupavam com a vida alheia a esse ponto.
Em carta encaminhada ao jornal Correio 24 Horas, o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, afirma que como formador de opinião, Robyssão está "mandando um recado" que reproduzido pela sociedade pode gerar ódio e violência.
"Na ideia do cantor, frequentar a casa do viado é algo negativo, ou, talvez, traga também a ideia de que o boy até pode se relacionar com o viado, mas às escondidas (marginal), não podendo, em hipótese alguma, ser visto. Reproduz a falsa ideia de que gays só se relacionam trocando sexo por bens de consumo e outras coisas. Onde fica o afeto, sentimentos, as relações de amizade e de amor sejam de que forma for desenvolvida ao longo dos anos?", questiona Cerqueira.
O presidente do GGB vai mais longe e pergunta se toda a ideia da música não veio de uma experiência própria, seja de Robyssão ter sido sustentado por um homem, ou o contrário.
"Seria Robissão uma fraude e ainda estaria sofrendo por causa do fim de um amor bandido, interrompido de forma brusca e ressentida? Na letra existem indicações disso quando ameaça contar para o bonde 'Vou contar para o bonde'. Bonde é grupo de extermínio que sai para matar os desafetos. Seria Robysão uma fraude considerando a misoginia revelada em suas canções e o tratamento desprezível às mulheres? Seria ele um egodistônico misógino?", diz Cerqueira.
Ao final, Cerqueira afirma que pedir a censura da canção não é eficiente e que ela deve ser combatido no âmbito cultural. Por isso, lança a campanha "com a recompensa" de um R$ 1 mil para quem fizer uma canção respondendo ao músico.