O Vaticano viveu um dia tumultuado neste sábado 3. Em entrevista ao jornal italiano Corrière della Sera, o monsenhor polonês Krysztof Charamsa declarou ser homossexual. Ainda mais: em coletiva de imprensa, em Roma, o religioso apresentou seu companheiro, Eduard.
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"Quero que a Igreja e a minha comunidade saibam o que sou: um sacerdote homossexual, feliz e orgulhoso da própria identidade", declarou o monsenhor. "Tenho um companheiro. Estou pronto a pagar as consequências, mas é o momento para que a Igreja abra os olhos para os gays crentes e entenda que a solução que eles propõem, a abstinência total do amor na vida, é desumana. Quero com a minha história escutar um pouco a consciência desta minha Igreja. Ao Santo Padre, revelarei pessoalmente a minha identidade em uma carta."
A resposta do Vaticano foi imediata. Charamsa foi destituído de suas funções na Congregração para a Doutrina da Fé e demitido. Ele ensinava Teologia na Universidade Pontifícia Gregoriana e na Universidade Pontifícia Regina Apostolorum, ambas em Roma.
O Vaticano afirma que a demissão nada tem a ver com as reflexões do religioso sobre sua vida pessoal, mas, sim, por ter dado a entrevista e tentado planejar uma manifestação em frente à sede da Igreja Católica - que acabou sendo mudada horas antes - justamente um dia antes do Sínodo de bispos. O encontro religioso começa no domingo 4 e discute a posição da Igreja sobre questões familiares e também a respeito de questões gays.
Na entrevista coletiva, Charamsa afirmou que queria fazer "um enorme ruído para o bem da Igreja" e aplicar uma "boa pressão cristã" para que o sínodo não esqueça dos gays que crêem em Deus.
"Esta minha decisão de sair do armário foi muito pessoal feita em uma Igreja Católica que é homofóbica e muito difícil e dura (em relação aos gays)", disse ele. "Peço ao Papa para ser forte e para nós, homossexuais, lésbicas, transexuais e bissexuais lembrarmos como filhos da Igreja e membros da Humanidade."